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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

SOBRE FARSAS E FARSANTES



                Quem não leu o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil , deve fazê-lo;  imediatamente. Escreveu-o  Leandro Narloch, misto de jornalista/investigador/exorcista que, de acordo com fatos que coletou, descobre a nudez  nada formosa de certos  vultos heroico-santificados da nossa História. Pelados, sem a roupagem grandiosa com que babacas e mal intencionados os sepultaram em mausoléu de luxo, indivíduos ditos de alto coturno histórico se revelaram avantesmas medíocres, rebotalhos comuns, derrotados pelos Deuses; e por sua própria “merdeza”.
                Percebendo que a História do Brasil está encharcada desses “vultos” simulados, o autor (ex-Revista Veja) cavou cemitérios por aqui e acolá, e os ressuscitou, para analisá-los sob as lupas da isenção e as luzes da verdade. E... papagaio! A julgar pelos dados que Narloch coletou, este Brasil coitado é um armazém de mistificações – das petas mais ridículas às farsas mais canalhas, tramadas no Império e nas Repúblicas subsequentes.
                Quando, no ginásio ainda, comecei a ler textos depurados e inteligentes sobre a nossa História, não me foi difícil perceber que Rocha Pombo, João Ribeiro, Paulo Setúbal, Capistrano de Abreu et caterva  (*), com seus penachos de grandes historiadores, eram fantasistas descompomissados ou manipuladores sem pudor. Quanta fraude!  Quanta invencionice, contada como verdade, foi empurrada à força nas nossas goelas infantis. Mais irrealistas que os feitiços das bruxas. Muios anos mais tarde, quando a ideologia política já contaminava a mídia, as embromações históricas revelavam a quem tinha olhos de ver, e de ler, a sua elefantíase asquerosa. Infelizmente, como esses olhos eram meio vasqueiros, deu no que deu...
                Seja como for, constrange o deparar-se com a desmistificação  de personagens como Aleijadinho, Santos Dumont, Tiradentes, Juarez Távora, Fernão Dias, por exemplo; afinal, são ícones. Mas não causa espécie (só repulsa) a farsa de Luiz Carlos Prestes e seus “peregrinos”, desmascarados e documentalmente mostrados, na cola de Lampeão e seu bando, como saqueadores e estupradores que martirizaram boa parte do Brasil numa pretensa caravana libertária. Também não trazem novidades, embora  irrite, as revelações escabrosas sobre atuais “políticos” ungidos e quase canonizados pela má-fé de uns e pela imbecilidade de muitos.
                O brasileiro precisa ler a obra de Leandro Narloch para deixar de ser bobo. Muitos vão cair de quatro; inúmeros vão maldizê-la; alguns vão rir e dizer: esse aí nunca me enganou...  E não se pense que o autor cuida somente de farsantes; também trata de farsas de outra etiologia, como, por exemplo, a de que o grande prato nacional – a feijoada – é de origem africana, já que partes do porco, consideradas refugos, eram atiradas aos escravos pelos senhores de terras. Sempre achei que isso é conversa fiada: aqueles fazendeiros coloniais, imperiais e republicanos, bichos rudes e avarentos, comiam até meia com chulé pensando que era queijo Vieux Bologne...

É onde eu te falo...
(*) Expressão latina que significa “e companhia” - ou bando, grupo, malta, o que quiserem”.

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