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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

QUEM ACHA VIVE SE PERDENDO (Noel Rosa)



A gente somos inútel! Inútel. A gente não sabemos escolher presidente! A gente não sabemos tomar conta da gente! A gente não sabemos nem escovar os dente! A gente somos inútel!

             Essa grita do Ultraje a Rigor é velha, mas a gente continua “inútel”. Não se esperava mais de uma gente entupida de “cidadania”. Foi o que fizeram com o brasileiro: despejaram-lhe baldes de “cidadania” pela boca, até vazar no rabo e dessa terapia safada surgiu um ser perfeitamente brasileiro, a verdadeira “brava gente brasileira” - rebotalho “inútel” , ao qual,  como vítima de nefasto assistencialismo, basta comer e evacuar.     
Grafei entre aspas a cidadania derrancada com que o Governo moldou esse tipo disentérico-cidadão. Intoxicado de bolsas, contenta-se com os caraminguás “democráticos” custeados por empréstimos absurdos tomados da rede bancária, do que resulta impagável gigadívida interna. E os babacas acham que tudo está muito bem. Para cérebros do tamanho de um grão de painço está mesmo. Afinal, o bicho é ignorante e imediatista.
Sociólogos de galinheiro, para justificar a diarréia de bolsas, dizem que essa ignorância e esse imediatismo vêm do longo tempo de obscuridade social.... Concordo, até. Discordo é da canalhice de se aproveitar dessa situação. Ao invés de dar cultura séria e meios de renda, dão-se bolsas. Aí o sujeito permanece ignorante, remedeia o estado de penúria e se torna manipulável. Que candidato malfeitor não quer um colégio eleitoral desse naipe? Si o povo ficá isperto num vota mais ni nóis, né?
Daí, tome bolsa! É bolsa-geladeira, bolsa-gás, bolsa tpm, bolsa-mau hálito, bolsa-crak, bolsa-disfunção erétil, bolsa-menopausa, bolsa-isso, bolsa-aquilo. Então, o paspalho, afagado por esses enganosos carinhos-de-serralho, acha que isso é cidadania. Sem contar que, além de ignorante, o paspalho é malandro: não percebe aonde o velhaco do Governo quer chegar, mas tem a malícia inata do acomodado que canta: deixo a vida me levar, vida leva eu... Quem não se lembra daquele sujeito que cantava: não quero outra vida pescando no rio de jereré ? Pois é assim. Nessa modalidade de vida, o malandro do jereré dizia: se compro na feira feijão, rapadura, pra que trabaiá?
E continua o baile. Povão burro é um manjar celeste para certos governantes. Pois um trânsfuga desenganado, que vegeta ao lado do caixão aberto, não governa certa nação? Um caduco  mumificado não governa uma outra - por interposta pessoa? Não tem uma aloprada que para disfarçar a sua incompetência vive desafiando certa marinha de guerra que já mostrou do que é capaz? Tem exemplos de sobra; tem de tudo. E esse “tudo” vai continuar defecando na retranca - no que é phd – enquanto as enfermidades sociais forem cultivadas e os enfermos, na sua burrice, estiverem gostando; e achando uma beleza. Até a casa cair, o que um dia vai acontecer. Vai achando, vai, ô mané... Famoso poeta notívago, que ia dormir quando “o apito da fábrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos”, já avisou, faz tempo: quem acha vive se perdendo.

É onde eu te falo... 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

BAILE DE MÁSCARAS



A diligência da Wells Fargo corre pela estrada poeirenta rumo a Sacramento. Então, numa curva súbita surgem bandoleiros mascarados que pretendem roubar o cofre. Eles trazem sob os olhos lenços que lhes cobrem o rosto dos olhos para baixo. Aí matam o cocheiro e o guarda, mais um ou dois passageiros, pegam o cofre e somem. 
            No fim, apesar das máscaras, os meliantes são descobertos e, enquanto bebem no saloon, são devidamente abatidos pelo eficiente Colt Navy .45 do “mocinho” - que ganha a filha única do fazendeiro rico ou a herdeira espoliada pelo banqueiro sem-vergonha. Saborosas e recorrentes cenas nos velhos westerns que se assistiam com um saco de pipoca e outro de amendoim pralinê - igualmente saborosos.
            Nas películas de Hollywood, a máscara era um expediente para ocultar a identidade do vagabundo. E assim na vida real; mas antigamente. Hoje os criminosos usam malhas que lhes cobrem toda cabeça, deixando apenas aberturas por onde espiam o desenrolar do crime. Isso quando eles fazem questão de ficar incógnitos; há salafrários que não têm essa preocupação. Cínicos, agem de cara limpa. Brasília está “assim” deles.
            É de ver como o mundo evoluiu! Outrora os tralhas queriam o anonimato, pois tinham medo da lei. Hoje, nem tanto, embora receiem a exposição na mídia e, ultimamente, os juízos criminais que, depois da Ação Penal n. 470, deram de ficar menos tolerantes.
            O Ministério Público é um órgão enfezado. Age com denodo contra os canalhas brasilienses – não apenas nos libelos acusatórios, mas, e principalmente, nas investigações que fazem em prol do interesse público. Sim, porque o órgão também tem o poder da investigação criminal. Aliás, é o que vem decidindo o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, no julgamento publicado em 22/10/09, sob relatoria do Min. Celso de Mello.
            No entanto, e até porque existem decisões em contrário, “Brasília” se precata: nasce o projeto de lei cuja finalidade é retirar, aberta e definitivamente, essa competência do Ministério Público.
            Claro! Se investigam a fundo e conforme o “doa a quem doer”, muito vagabundo travestido de “Varão de Plutarco” pode ser “desmascarado” e condenado a qualquer momento, embora criminoso desse naipe não use -  literalmente falando - máscara. É de espantar? Não. Canalhice é mal sem cura. E assim, safados ilustres - autores e defensores desse projeto - consideram que é um grande perigo para a República deixar o Ministério Público vasculhar o lixo brasiliense. Esse povo não tem limite. Parece coisa da Infâmia & Cia. Ilimitada.
            Os brasileiros poderiam, mesmo, levar a cabo - objetiva, literal, radical e materialmente - o conselho de Voltaire: Écrasez l’infâme ! – esmagai o infame!
              
            É onde eu te falo...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

PRECOGNIÇÃO



             
Depois vêm os céticos dizer que o sobrenatural não existe. Deu no Der Spiegel, semanário importante na Europa, mais ainda na Alemanha: Pieter Brugel, de Flandres, e Salvador Dalí, o catalão, não eram somente dois pintores geniais, mas videntes poderosos.
É o que revelam documentos recentemente encontrados no Mercado de Pulgas de Londres pelo pesquisador Yshov Namata, judeu nipônico de muito prestígio na CHAZE, Comunidade Histórico/Acadêmica da Zona do Euro, com sede em Antuérpia, na Bélgica. Esses documentos, por gritante coincidência, estavam juntos num envelope. Um escrito e assinado por Bruegel, outro por Salvador Dalí. Quem os teria guardado? E por que juntos?  Não se sabe. Mas o que esses documentos contam causam perplexidade. Aliás, causam vertigens.
            Bruegel, em 1º./01/1563, ainda na metade do Século XVI, pintou O Cego ; conforme o escrito encontrado por Namata, a tela retrata a antevisão que teve o pintor, há exatos 450 anos, daquilo que seria o brasileiro de 1º./01/2013. À época de Bruegel, o Brasil era ainda incipiente colônia de Dom João III, que acabara de suceder ao venturoso Dom Manuel. Extraordinária premonição!
            Mais assombrosas ainda são as coincidências – inclusive quanto às datas - que unem os dois artistas, de histórias, técnicas e épocas tão diferentes, os quais, no entanto, tiveram praticamente o mesmo presságio. Pois Dalí, exatamente em 1º./01/1963, justos 400 anos depois de Bruegel, pintou uma antevisão que teve. Somente após a descoberta de Namata o mundo se inteirou do motivo da famosa tela do catalão, aquela que tem três relógios meio derretidos, um numa galha seca, um em cima de paredão e outro como sela do que parece um cavalo-sem-cabeça: o quadro, conforme manuscrito do próprio pntor, representa o que seria o Brasil de 1º./01/2013!   
           Agora vê! Um pinta o brasileiro e o outro pinta o Brasil, ambos num primeiro de Janeiro (de 1563 e de 1963), os dois prevendo uma situação tenebrosa que ocorreria do outro lado do mundo em 1º./01/2013! Por que cargas d’água os dois pintores fixaram exatamente o dia 1º. de Janeiro de 2013 como marco?  A resposta mais plausível foi dada por Rajwahpapuh, o faquir de largos saberes: ele acha que nessa data estavam entronizando criminosos condenados em altos postos da República. Será? Não sei.  
Mas sei que é fantástica, descomunal, prodigiosa, a percepção extra-sensorial (desprezo absoluto pelo Acordo Ortográfico), ou precognição, de que eram munidos os dois artistas! O cego de Bruegel é um mamulengo que nem olhos tem, mas somente as respectivas cavidades, vazias; e a tela de Dalí, com suas tortuosidades, fala de devastação. Noutras palavras, os cegos permitiram...      

É onde eu te falo...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

DEMOCRATAS E NEFELIBATAS - impropriedades vocabulares


  A)             Dona Tereza Cruvinel, se não está devastada nas agonias de um climatério enfezado, surtou de vez. Na esmagadora opinião da comunidade mundial Hugo Chavez é nada além de um reles ditador, qualificação que a dita senhora, no “Estado de Minas” de ontem, contesta com uma pérola mal costurada: segundo ela, o açodado venezuelano não é ditador, já que ele sempre governou dentro da “ institucionalidade existente ” !!!
Institucionalidade existente... Para não usar uma locução interjetiva de caçanje, digamos: - Papagaio! 
Dona Tereza finge ignorar que a “institucionalidade venezuelana” foi arranjada conforme a vontade do próprio Chávez, cujos maiores predicamentos – além da feiúra extrema – são a arrogância e a velha prepotência bolchevista. Ora, faça-me o favor! Então, o sujeito arruma a golpes de foice uma “institucionalidade” deformada, que impõe à nação a golpes de martelo e, se governar dentro dessa institucionalidade  não pode ser considerado ditador... Ô dona Cruvinel, tem dó, né?
O verme Stalin tinha lá, também ele, a sua institucionalidade; o sifilítico Hitler, igualmente; os ferozes Videla e Pinochet, idem; até Castro, o das gosmas caquéticas, impôs a Cuba a sua... institucionalidade. Portanto, o que vale ter em mente são as características da institucionalidade. Na matilha de lobos, como entre as hienas, mesmo na tribo dos macacos de Tarzan, há uma. Viu o que faz a diferença, Dona Tereza? 
           Segue-se, pois: é pura falácia a sua informação de que “a democracia venezuelana” está aparelhada para enfrentar bem o desaparecimento de Chavez. Que democracia, madame? 
                                                                       
B)           Quando Roberto Jefferson pôs a boca no trombone e divulgou o “mensalão”, a guarda pretoriana do Governo se eriçou no Congresso. E os parlamentares – envolvidos ou coniventes – esgoelaram diatribes e maldições, não somente contra a oposição impassível, mas contra qualquer brasileiro naturalmente estupefato diante das safadezas até então escondidas no fundo da Geena Brasiliensis. Eles achavam que o só fato de assuntar sobre a inteireza moral do Governo era justa razão de insultar o duvidador.
Naqueles dias escuros, que uma oposição vadia, ou de rabo preso, tornou trevosos, um dos oradores mais candentes na negativa de trapaça entre Executivo e Parlamento era Roberto Saturnino Braga. Com um colarinho três números acima e, supõe-se, sem Corega na dentadura, ele, entre nuvens de perdigotos, berrava como se atacado por mil escorpiões: “É tudo uma deslavada mentira! Não somos nefelibatas!”
Pedi socorro ao Aurélio. Nefelibata... Ora, essa! Quem vive nas nuvens está lá em cima; no fundo da latrina, lá em baixo, não há mesmo nenhum... nefelibata.

           É onde eu te falo...                                                                                  

            

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

ATO PENITENCIAL



            Monstruosidade Gramatical – foi o que cometi no texto “Diferenças”. Talvez por estranha ligação com  “à toa”, me saiu um “à esmo”, perfeitamente absurdo. Perdoe  o leitor. E, caridosamente, leia “a esmo” . Preciso ser mais cuidadoso na revisão. Desprezo o Acordo Gramatical, mas não o uso correto da crase. No mais, confirmo o que disse das mostruosidades políticas que apodrecem o mundo.   

DIFERENÇAS...



Em Cremona, ali pelos Séculos XVII/XVIII, fabricavam-se os violinos que levam o selo de uma família ilustre: Guarneri. Hoje um Guarnerius (nome latinizado) vale milhões.   
Pois viajava eu pelo Google à cata dessa ifamília de luthiers, quando tive a infelicidade de encarar um sujeito nada ilustre:  um tal Gianfrancesco Guarnieri. A semelhança dos sobrenomes deve ter sido a causa da náusea que me veio. Há anos detesto esse elemento. E conto a razão disso.

           Aconteceu faz tempo. Acabava de sair a primeira, talvez a segunda, edição da revista Marie Clair  (nem sei se ainda existe) que eu folheava à esmo num salão de cabeleireiro. Nem pude cortar o cabelo; tive uma crise de vômito. A causa disso foi, além do sentimento de repugnância, a indignação: era o elemento em questão afirmando que chorara copiosamente quando morreu Josef Stalin, o rato-de-esgoto do Kremlin !!! 
          O tal elemento, segundo a revista, era grande ator/diretor, além de poeta. Poeta... No meu tempo de ginásio conheci grandes artistas, inclusive poetas – que, enquanto se desoneravam, escreviam formosas trovas  nas portas das privadas:
                    Você que só caga fora,
                    Por que que não caga dentro?
                   Você tem a bunda torta
                   Ou o cu fora-de-centro?
            Ah, que primor!
            A ousadia de jogar pelas ondas de Hertz tão mimosa trova é nada comparada à do tal ator/diretor/poeta que, num assomo de ódio, resolveu insultar a Humanidade ao apregoar a sua tristeza pela morte de um suíno hidrófobo, a besta comunista que matou mais russos do que Hitler matou judeus  - fato que certas falanges fazem questão de não saber. E, no entanto, esse elemento chorou. Chorou, gente! Verteu cascatas de pranto convulsivo no auge de suspiroso orgasmo ideológico. Pra quem gosta, um prato feito...
Ainda estão por aí alguns filhotes da besta russa; uns arrastando os pés no rumo da cova, outros esperando a extrema unção com o caixão ao lado, outros enfedecendo o Planeta com seus focinhos arreganhados e suas tiradas simiescas. A sorte do mundo é que nenhum deles vai durar para sempre; vão todos pro sac... quero dizer, pra tumba, pra baixo da terra.
É... A terra tem consumido muita podridão, tadinha.

É onde eu te falo...