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sábado, 23 de fevereiro de 2013

ASSIM NÃO HÁ BENTO QUE AGÜENTA... (com trema)



Depois dos escândalos do Banco Ambrosiano, depois do envolvimento do Vaticano com a  Máfia siciliana, depois das trapaças do Cardeal  Marcinkus e comparsas  - do que resultaram crimes em série, fiscais e de sangUE  -  a imprensa mundial está na cola da Santa Sé:  “SEXO NO VATICANO” .
- Sant’smo Sacramento !!!  - vão exclamar as Domarias do mundo, entre sinais-da-cruz e baldes de água benta. Como é notório, “domaria” é espécime encontradiço em qualquer quadrante e em todas as latitudes. Mas elas, é claro, não vão acreditar no que diz a imprensa. Afinal, pensam, padre é metade santo e metade deus, de modo que essa coisa de religiosos “fazendo bobiça” é calúnia de Satanás. No entanto, diz o porta-voz papal, Pe. Federico Lombardi:  “Não esperem comentários, negações ou afirmações sobre esse assunto” – postura que, pela sua ambiguidade, fala por si mesma...
Os cardeais Herranz, Tonko e Di Giorgi entregaram a Benedictus XVI um dossiê cabeludo, informando-o de “influência imprópria de natureza mundana” dentro da Igreja. O que seja essa “influência”, a Santa Sé não explica objetivamente, mas adianta que “tudo gira em torno do sexto e do sétimo mandamento “.
Ora, quanto ao Sétimo, o Vaticano adquiriu no curso dos séculos o status de  PhD no trato com fraudes, roubos, maroscas fiscais e assassinatos, coisa antiga e aceita na história do Papado. Nos fins do Século XX,  imprensa, comunidades diplomáticos e organismos de segurança, inclusive CIA, foram melifluamente  convencidas a não importunar Sua Santidade com denúncias sobre comportamentos “impróprios” de ordem econômico-financeira. Nesse ponto a Santa Sé tira de letra qualquer denúncia de transgressão do Sétimo Mandamento.  Mas a alusão ao Sexto causa frissons de malícia. Quando se trata de pecado contra a castidade a coisa exacerba  -  inda mais quando se noticia a existência, dentro do Reino de São Pedro, de um nebuloso sistema prestador de “serviços sexuais”, agora lindamente chamado de lobby gay...
Ah, os pecados da carne... Nesse tópico os pudicos fingem horror, mas é certo que 99,5 % da população mundial, secretamente ou não, sonha com nos calores da fornicação. Por isso é saborosa a notícia de que o Vaticano não é refratário às atividades de alcova, quando o pesado véu da noite lhe encobre os ardores. Às ocultas, mãos se inquietam,  olhos brilham de tesão, e línguas umedecem lábios ressecados no afã da refrega orgásmica.
“Comportamentos impróprios de natureza mundana” são eufemismos eclesiais para atenuar  as coisas. Claro, a voz da Santa Sé não poderia descer à crueza do jargão das ruas; se isso já não fica bem nos meios diplomáticos - falsamente sérios -  menos ainda na santificada dicção vaticana. Mas não há eufemismo que apague a imediata lembrança dos acochos de cama quando se fala no Sexto Mandamento – o da sacanagem.
Consta que o Santo Padre vai publicar o dossiê do lobby gay (nome interessante). Pode ser, mas
é improvável que o formoso dossiê seja exposto sem cortes e ajustes. É de supor que desse documento sejam expurgadas coisas como felatio in ore (**) e congêres.  De todo modo, o mundo aguarda ansiosamente a comprovação daquilo que, aos murmúrios, sempre andou de boca em boca. Em Roma há pessoas que durante o dia trabalham nas fraudes contábeis do Banco do Vaticano; à noite acendem velas santificadas e rezam as Completas (*) em penumbra incensada, ao som de gregorianos compassos; depois do que se desviam em silencio obsequioso para os desvãos escuros de São Pedro, onde, aos bruxuleios de velas pagãs... soltam a franga. Pobre Bento...

           É onde eu te falo...

(*) O último ofício divino do dia, rezado antes da madrugada.
(**)  Eufemismo comportado para sexo oral, vulgarmente conhecido por boquete.

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