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terça-feira, 5 de março de 2013

DE PAPAS E BRUNOS





Vou ficar um tempo sem ler os jornais  – até que elejam o papa e proclamem a condenação ou a absolvição de Bruno Fernandes de Souza. Decididamente, é preciso ter muita paciência e pouco descortino para suportar essa dose cavalar de mesmice. Chega! Estou farto de papas e Brunos.
      Olhem que desde a abdicação de Benedictus XVI são páginas intermináveis de notícias vaticanas. Dezenas de cardeais, bispos e congêneres, todos escorregadios, já deram as suas versões    nenhuma convincente   sobre as causas da renúncia papal: doença, cansaço, velhice, desilusão, isso e aquilo. Só não confirmam a suspeita mundial: medo. E como a objetividade nunca foi uma característica de padres, são rodeios intermináveis e negaças sem graça, como se falassem para retardados.
Ás vezes surge um padre, geralmente americano, com uma dissertação sobre crimes fiscais, acobertamento de pedofilia e bailinhos homossexuais  nos corredores de São Pedro. Pura perda de tempo. Roma, como não vai admitir  não vai admitir oficialmente os roubos e as esbórnias dos seus prelados. Nem vai tornar público o glamouroso  lobby gay  que, consta, foi entregue ao Papa Bento dias antes de ele anunciar a sua retirada; já pouco se fala sobre isso. A bola da vez é o fomento das especulações: Roma insufla a mídia a perguntar quem, no Sacro Colégio, tem mais ou menos chance de calçar os sapatos vermelhos de santo padre; mas quando vêm as perguntas, a resposta é um clichê manhoso:  - Só o Espírito Santo sabe; é ele quem vai decidir ! Ora, que trem mais aborrecido. Então, Por que o tal Conclave não se fecha e convoca de uma vez esse eleitor único e o interpela:  - Ô sô Espírito Santo, quem é o papa?   
Nas outras páginas, o julgamento de Bruno, que a mídia – sempre original e criativa – chama de goleirobruno. Papagaio! Como é que um simples assassinato, ou evidência de, pode render tanto assunto? Ouvi de um psiquiatra que o povão adora merda; e se fixa no teatro do júri porque já não tem as fogueiras da Inquisição para distraí-los na assadura de hereges. Quando Roma armava a sapequeira santa, a plebe corria a ouvir os berros do condenado se contorcendo nas labaredas e chegava ao orgasmo. Hoje não tem isso – por enquanto. Sobra o júri, principalmente quando o acusado vem do futebol. Aí, imprensa e povão se esbaldam; principalmente quando um advogado renuncia e outro aparece. É o delírio midiático/plebeu
Não sei de coisa mais sem graça. Advocacia criminal é isso – catimbas, adiamentos, farsas legais, nhenhenhém e jogadas para a plateia, onde não faltam berros,  murros na madeira da tribuna e becas atulhadas de renda, fora o peitilho da beca, que é uma renda só, mas enorme.  Se há quem goste de aparecer, advogado criminalista não serve: ele gosta demais. E se não for assim, o júri não funciona bem.
Enfim, arredo os jornais. A Imprensa sofre de disenteria de papas e brunos. Aliás, não é disenteria, mas diarreia. Melhor dizendo, caganeira mesmo. Assim e como não sou versado em moléstias do trato intestinal, vou esperar até que se fechem os esfíncteres da mídia.

É onde eu te falo...

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