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sexta-feira, 22 de março de 2013

E DE RARA BELEZA ...





 I -            Quem, num rasgo de demência, quiser mumificar um defunto não deve encomendar o serviço em Havana ou em Caracas; o resultado será uma catástrofe. Fizeram e aconteceram, esgoelaram aos quatro ventos que o sujeito ia virar  múmia. E que esta seria exposta num palácio, réplica do Trianon de Luiz XIV, mas de feito de platina, todo  engastado de gemas raras, com paredes de cristal da Boêmia, colunatas de ouro maciço e vitrais à maneira de Chartres, mais deslumbrante que Versailles e mais grandioso que o Taj Mahal. Tudo para a glorificação eterna do chavismo, movimento primitivo que se apropriou do fantasma de Simon Bolívar e se emoldurou nas gosmas caquéticas de Fidel Castro. Pérolas – a idéia da múmia, o mausoléu e o fetiche ideológico.
                Pois faz semanas que Chavez “evoluiu a óbito”. O governo interino da Venezuela   ouvi no Jornal Nacional   concluiu, depois de profundos pensares, que a fossilização do homem “poderia não dar certo”, já que o processo fossilizador deveria ter sido iniciado imediatamente após a morte. Tradução: tentaram por sal em carne podre, como diz  o refrão; mas deu revertério. E agora não se fala mais na figura; nem na múmia; sequer no destino que deram a esse desastre. Não se sabe se ele foi enterrado, cremado, ou se, de corpo presente, subiu aos Céus, onde, os chavistas acreditam, moram os demagogos impenitentes.

II -          A impropriedade vocabular continua sendo a praga do jornalismo  por descuido ou ignorância pura e simples. Assistindo ao Jornal Nacional de hoje, dei com Obama em visita a uma igreja hierosolimitana (a palavra não tem nada a ver com aerossol;  é o nome que se dá a quem ou o que é natural de Jerusalém). Mas vamos à questão. Segundo o locutor, essa igreja  está construída exatamente no local onde se imagina que ficava o sepulcro de Cristo” (sic). Ora, o advérbio “exatamente”  descombina, a toda evidência, com o “se imagina”. No caso, o jornalista deveria construir a frase usando, agora com propriedade, o advérbio “supostamente”   tão a gosto da mídia nacional, que ainda não conseguiu traduzir o significado de “suposto”.  Suposto e supostamente são ícones verbais do jornalismo brasileiro, sobre os quais se constroem verdadeiras pérolas. Exemplo: Carlinhos Cachoeira supostamente é ladrão, mesmo depois de condenado pelos seus roubos. Pode?   Deve poder. Pois os jornais não insistem em dizer, por exemplo, que Henrique Pizzolatol foi condenado pelo suposto crime de corrupção e coisas mais?        

                É onde eu te falo...

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