Posso perder, mas aposto todas
as fichas no meu prognóstico. Há cardeais que não contam com a simpatia do
Espírito Santo, que é – segundo os próprios cardeais – quem escolhe os papas.
Alguns já entram na Capela Sistina com o selo da inelegibilidade. A começar por
Dom Aviz, que bateu forte nas trapaças do Banco do Vaticano, e pelo
franciscano O’Malley, que soltou os
cachorros na pedofilia eclesiástica. É elementar: corre no mundo a informação de que Benedictus
XVI abdicou por não conseguir limpar as duas nódoas fundamentais da Eclesia Sua Sancta (*), quais sejam, as trapaças financeiras e as
práticas homossexuais.
Desvio de dinheiro e maladrangens
contábeis são antiqua res (**)
no reino de São Pedro; tanto quanto os apimentados saraus de alcova, onde, ao
que corre, não entram mulheres. Portanto,
não devem ser eleitos quaisquer dos arautos ostensivos da decência. O termo ostensivo não tem segunda intenção: é que todo mundo é
muito decente, mas na hora de espanar a sujeira, bico calado – segundo a
fórmula “não me comprometa”. Portanto,
Aviz e O’Malley não vão levar a sapatilha vermelha, ao que prevejo.
Quanto a Okogie, Wako, Njue,
Pasinya, Pengo, Sarah,Napier, Sarr e Onalyekan, estes, conforme a opinião geral,
estão presentes ao conclave apenas para compor o quorum regimental. Não contam
por serem negros; e africanos ainda por cima. Um papa negro? Quá! Roma não
permitirá o que para o establishment da
cúria romana é audácia desmedida, quando mais não seja pelo desconforto e
pelo despeito de príncipes e prelados
cheios de pó-pó-pó nas goelas e ambiguidade nas falas. Demais, os cardeais africanos não
se lixam para os endinheirados Banco do Vaticano e IOR-Instituto para Obras da
Religião, cuja inutilidade lhe parece óbvia: “São
Pedro não tinha um banco!” – esbraveja Onalyekan. Ora, um Santo Pontífice
africano, conhecedor das tragédias políticas e sociais da África, poderia ter a
veleidade de curar as desgraças do seu continente a poder dos tesouros
pontifícios. João Paulo I, quis fazer coisa parecida e... deu no que deu.
Estão igualmente descartados
cardeais de olhos amendoados – os que no mundo todo, principalmente no
Brasil, são chamados, independente da nacionalidade, de japas. Roma prevê que
um “papa japonês” será razão e figurante de anedotas internacionais, pondo em
cheque a dignitas nobilitasque pontificalis (**) [ Meu Latim anda
lindamente, hein? ] A bem da verdade, fica-se sem saber se um papa-japa iria
abençoar o mundo com o gesto clássico de esticar o indicador e o médio da mão direita, ou com as tradicionais
mesuras orientais; de resto, muito elegantes. De todo modo, um asiático não funcionaria
bem no universo de São Pedro, que, apesar das concessões feitas, é o c i d e n t a l até a medula.
Além desses, não terá
credência do Espírito Santo para andar no papamóvel os cardeais que reclamaram contra a
escamoteação do tal dossiê secreto de Bento XVI
– o relatório dos crimes financeiros e do lobby gay, que, vai ver, está no cofre do Camerlengo. Não guardei o nome deles, mas a mídia os apontou: há cardeais ansiosos para ler esse
dossiê –
que, como se diz na roça, deve ser
“duzinferno”, já que o sonegam ao
próprio colégio cardinalício. Desengane-se, pois, quem tiver a pretensão de
conhecê-lo.
Consta que o cardeal Odilo
anda bem cotado no banco de apostas. Dizem os noticiários que ele esteve na
administração dos fundos vaticanos nestes últimos tempos... Bem, não custa
lembrar que um dos pontos fortes do dossiê de Bento XVI é o descalabro dos
dinheiros de São Pedro. É... é um trem esquisito;
mas inócuo: além da clarividência, o
Espírito Santo é muito precavido...
Em suma, Roma nunca vai mudar. E sabem de uma
coisa? Se mudar, acaba.
É onde eu te falo...
(*) Sua santa igreja
(**) Coisa antiga (***)
Dignidade e nobreza pontifical
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