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sexta-feira, 8 de março de 2013

VOCÊ PENSA QUE ESTÁ A SALVO, NÉ?



Todo mundo sabe o que é aloprado, mas nem todos sabem o que é sonso. Nas falas coloquiais, sonso acabou virando sinônimo de abobalhado, paspalho e similares . Na verdade, é coisa pior. Recomendo uma visitinha ao Aurélio. Ambos são perigosos porque deles só se esperam malfeitos; só que o sonso é mais daninho. Vejamos: “sonso – dissimulado, manhoso, astuto, velhaco, solerte ”. Noutras palavras, o sonso é acima de tudo traiçoeiro; só se finge retardado, quando é ardiloso. Pois deputado sonso, que se faz de aloprado, ganha a Comissão de Direitos Humanos no Parlamento.
Agora vê. Um sujeito que cai de pau nos negros, ciganos e homossexuais de todos os modelos, gente discriminada, vai presidir órgão político que, teoricamente, deve desfraldar a bandeira das igualdades. Então, as pessoas desatentas vão dar um muxoxo e dizer:  – Ah, liga não. Lá  em Brasília acontecem coisas assim... E é justamente aí que mora o desastre.
Do que poucos se dão conta é da verdadeira razão de levar esse deputado a um posto por sua natureza delicado, que reclama gente de tino e serenidade. Considerando o desatino dessa indicação, é claro que o indicado ganharia os incensos da exposição na mídia, como acontece, e esse era o trunfo almejado pelo grupo que o elegeu. Sonsice superlativa, que mestre Aurélio iguala a sorrelfa e sagacidade dissimulada: cometer deliberadamente o absurdo e ganhar as manchetes, porque a Imprensa não passa batida num disparate desse nível.
A entronização desse deputado numa célula sempre em evidência tem um propósito: dar-lhe o palanque necessário à consolidação do projeto de lei da sua autoria, que torna obrigatório o “ensino religioso” (...) nas escolas. Ou seja, as crenças desse grupo serão obrigatoriamente adotadas por toda a comunidade nacional. Torna-se impositiva, sob as penas legais, a  crença no deus dessa facção; e, pior, adorá-la! Eis a pérola do fundamentalismo irracional, que é a semente do estado teocrático ao estilo iraniano, talibã e outros fanáticos : o governo da Nação se torna reserva exclusiva de um deus e os governantes são os que falam por ele ! Aí só usando uma locução interjetiva muito ao gosto brasileiro: PQP !!!
O Congresso pode aprovar lei assim. Poder de convencimento   a dizer, financeiro   eles têm. Com os ajustes de emendas dirigidas, uma lei especialmente moldada, fundindo religião e ideologia política, seria um prato feito para certos governos e certas vertentes religiosas  – que largamente  fazem pregações desse naipe  - É... mas não seria sancionada  – dirão os desavisados. Ah, seria, sim; e com a ânsia da doutrinação política.   - Ora, mas seria uma lei afrontosa à Constituição, que prega a liberdade de crença – dirão os sonhadores. Sim, mas uma Suprema Corte amestrada não lhe decretaria a inconstitucionalidade.  Eles  até poderiam mudar a Constituição, inclusive para estabelecer a pena de morte... para hereges e similares, exclusivamente. Cuidado essa malta de celerados! Eternos, já disse  Shirley Bassey, só os diamantes, viu ?
 
É onde eu te falo...

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