Todo mundo
sabe o que é aloprado, mas nem todos
sabem o que é sonso. Nas falas
coloquiais, sonso acabou virando sinônimo de abobalhado, paspalho e similares .
Na verdade, é coisa pior. Recomendo uma visitinha ao Aurélio. Ambos são
perigosos porque deles só se esperam malfeitos; só que o sonso é mais daninho.
Vejamos: “sonso – dissimulado, manhoso,
astuto, velhaco, solerte ”. Noutras palavras, o sonso é acima de tudo
traiçoeiro; só se finge retardado, quando é ardiloso. Pois deputado sonso, que se
faz de aloprado, ganha a Comissão de Direitos Humanos no Parlamento.
Agora vê.
Um sujeito que cai de pau nos negros, ciganos e homossexuais de todos os modelos,
gente discriminada, vai presidir órgão político que, teoricamente, deve
desfraldar a bandeira das igualdades. Então, as pessoas desatentas vão dar um
muxoxo e dizer: – Ah, liga não. Lá em Brasília acontecem coisas assim... E é
justamente aí que mora o desastre.
Do que
poucos se dão conta é da verdadeira razão de levar esse deputado a um posto por
sua natureza delicado, que reclama gente de tino e serenidade. Considerando o
desatino dessa indicação, é claro que o indicado ganharia os incensos da exposição
na mídia, como acontece, e esse era o trunfo almejado pelo grupo que o elegeu.
Sonsice superlativa, que mestre Aurélio iguala a sorrelfa e sagacidade dissimulada:
cometer deliberadamente o absurdo e ganhar as manchetes, porque a Imprensa não passa
batida num disparate desse nível.
A
entronização desse deputado numa célula sempre em evidência tem um propósito:
dar-lhe o palanque necessário à consolidação do projeto de lei da sua autoria, que
torna obrigatório o “ensino religioso” (...) nas escolas. Ou seja, as crenças
desse grupo serão obrigatoriamente adotadas por toda a comunidade nacional. Torna-se
impositiva, sob as penas legais, a crença no deus dessa facção; e, pior, adorá-la!
Eis a pérola do fundamentalismo irracional, que é a semente do estado teocrático
ao estilo iraniano, talibã e outros fanáticos : o governo da Nação se torna
reserva exclusiva de um deus e os governantes são os que falam por ele ! Aí só usando
uma locução interjetiva muito ao gosto brasileiro: PQP !!!
O Congresso
pode aprovar lei assim. Poder de convencimento – a dizer,
financeiro – eles têm. Com os ajustes de emendas dirigidas, uma lei especialmente moldada, fundindo
religião e ideologia política, seria um prato feito para certos governos e certas
vertentes religiosas – que largamente fazem pregações desse naipe - É... mas
não seria sancionada – dirão os desavisados. Ah, seria, sim; e com a ânsia da
doutrinação política. - Ora,
mas seria uma lei afrontosa à
Constituição, que prega a liberdade de crença – dirão os sonhadores. Sim,
mas uma Suprema Corte amestrada não lhe decretaria a inconstitucionalidade. Eles até poderiam mudar a Constituição, inclusive para estabelecer a pena de
morte... para hereges e similares, exclusivamente. Cuidado essa malta de celerados! Eternos, já
disse Shirley Bassey, só os diamantes, viu ?
É onde eu te
falo...
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