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segunda-feira, 11 de março de 2013

MÚMIAS ANTIGAS E MODERNAS



A não ser em alto mar, quando  o fazem deslizar na prancha regimental,  acho que  defunto  “ de corpo presente” só tem dois caminhos: cova e forno. A segunda opção tem a vantagem de, em poucos minutos,  reduzi-lo a um montinho  de cinzas,  que se costuma jogar em água corrente, segundo “ ritual antigo e aceito” – seria mais útil empregá-las  como calagem, para corrigir a acidez do solo. A primeira, mais tradicional,  tem  a desvantagem de  transformar  a sepultura em  local de romaria carpideira, religiosa ou política – quando, muito pior, não reúne as três coisas. Puro fetiche.
Na Antiguidade, além de cova e forno, mumificava-se o morto por conta das crenças então vigentes, o que, considerando a mentalidade daqueles tempos, é aceitável. Mas essa coisa de mumificar, hoje em dia, é coisa de gente doida. Aliás, é sinal de doença grave – dos mumificadores. Mumificar defunto, em pleno Século XXI, só pode ser explicado à luz da Psicopatologia. Ouço contar que Fidel Castro virou múmia, mas esse é um fenômeno à parte; e aí nem se trata, verdadeiramente, de mumificação: a Natureza só o transformou em sombração, estágio que os inconsequentes confundem com múmia  – no que, reconheça-se, eles têm lá a sua dose de razão, a julgar pelas aparências.   
Consta que Chavez  vai virar múmia; de verdade, com formol, natrão, estopa e tudo. Corre a informação de que em Caracas se montou uma variante   rudimentar  – da Casa dos Mortos, famoso estabelecimento do Egito Antigo, graças ao qual, temos aí os faraós Ramsés II, o grande, Tut-Ank-Amon, o enfermiço, e outras figuras gratas à História; mumificados. Mas essa de embalsamar Chavez é de rachar.
“Elvis não morreu!” , diz o chavão festivo dos, hoje pré-caquéticos, admiradores do topetudo de Menphis   que  morreu de overdose, mas cantando Love Me Tender. No entanto,  isso é somente um modo de dizer, uma figuração dos fãs do roqueiro. Agora, metáforas,  metonímias e catacreses à parte, mumificar o Chavez beira a insanidade, sem contar que é ridículo. Imaginem um mausoléu estilo Jardins Suspensos da Babilônia, guardado por um batalhão de soldados com morteiros e bazucas, tudo para encerrar uma urna de blindex e dentro dela uma múmia surrealista e horripilante... Como a de Stalin, a besta, por exemplo.  
Do ponto de vista estético é repugnante, tomando-se o vocábulo em todas as suas acepções; do ponto de vista político-ideológico é um “engasga-lobo” empurrado na goela do mundo;  mas à luz da Patologia é uma advertência: a Ciência precisa, com urgência, de criar novas vacinas !
É onde eu te falo...        

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