A não ser em alto mar, quando
o fazem deslizar na prancha regimental, acho que defunto “ de corpo presente” só
tem dois caminhos: cova e forno. A segunda opção tem a vantagem de, em poucos
minutos, reduzi-lo a um montinho de
cinzas, que se costuma jogar em água corrente, segundo “ ritual antigo e aceito”
– seria mais útil empregá-las como calagem, para corrigir a acidez do solo. A
primeira, mais tradicional, tem a desvantagem de transformar a sepultura
em local de romaria carpideira, religiosa
ou política – quando, muito pior, não reúne as três coisas. Puro fetiche.
Na Antiguidade, além de cova e
forno, mumificava-se o morto por conta das crenças então vigentes, o que,
considerando a mentalidade daqueles tempos, é aceitável. Mas essa coisa de mumificar,
hoje em dia, é coisa de gente doida. Aliás, é sinal de doença grave – dos mumificadores.
Mumificar defunto, em pleno Século XXI, só pode ser explicado à luz da Psicopatologia.
Ouço contar que Fidel Castro virou múmia, mas esse é um fenômeno à parte; e aí
nem se trata, verdadeiramente, de mumificação: a Natureza só o transformou em
sombração, estágio que os inconsequentes confundem com múmia – no que, reconheça-se, eles têm lá a sua dose
de razão, a julgar pelas aparências.
Consta que Chavez vai virar múmia; de verdade, com formol, natrão,
estopa e tudo. Corre a informação de que em Caracas se montou uma variante – rudimentar – da Casa dos Mortos, famoso estabelecimento
do Egito Antigo, graças ao qual, temos aí os faraós Ramsés II, o grande, Tut-Ank-Amon,
o enfermiço, e outras figuras gratas à História; mumificados. Mas essa de
embalsamar Chavez é de rachar.
“Elvis não morreu!” , diz o
chavão festivo dos, hoje pré-caquéticos, admiradores do topetudo de Menphis – que morreu de overdose, mas cantando Love Me Tender. No entanto, isso é somente um modo de dizer, uma figuração
dos fãs do roqueiro. Agora, metáforas, metonímias
e catacreses à parte, mumificar o Chavez beira a insanidade, sem contar que é
ridículo. Imaginem um mausoléu estilo Jardins Suspensos da Babilônia, guardado por
um batalhão de soldados com morteiros e bazucas, tudo para encerrar uma urna de
blindex e dentro dela uma múmia surrealista e horripilante... Como a de Stalin, a besta, por exemplo.
Do ponto de vista estético é
repugnante, tomando-se o vocábulo em
todas as suas acepções; do ponto de vista político-ideológico é um “engasga-lobo”
empurrado na goela do mundo; mas à luz
da Patologia é uma advertência: a Ciência precisa, com urgência, de criar novas
vacinas !
É onde eu te falo...
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