A mídia, herdeira
da técnica inventada pelo gênio publicitário de Joseph Goebels – o célebre
marqueteiro do nazismo – sabe como ninguém os segredos do hipnotismo
que embrutece. Quem não tomou o antídoto
contra esse veneno sócio-político está, sem remédio, condenado aos efeitos obsedantes do pó-pó-pó dos veículo de
comunicação. Assim, por descuido e falta de raciocínio, o grande público que
consome as mídias se torna cativo delas. São, todas três daninhas, as seqüelas da
massificação midiática: o contágio ideológico; a ânsia de consumir e o
endeusamento de farsantes. Vejamo-las (bela expressão), em simples exemplos.
A primeira
transforma pessoas incultas em energúmenos sem cultura, massa fundamental para
entronizar e manter vagabundos oportunistas no poder. A segunda aguça o babaca portador
de um ótimo telefone a comprar similar, que além do prodígio de permitir a
conversação, dá resumo de novela e previsão de similares a serem lançados. A
terceira permite a ascensão de coisas tipo Piniquinho e Privadão ou Titiquinha
e Cagalhão, que gemem desencantos de amor para faturar milhões.
Pois é. A
mídia, da qual deveriam resultar só benefícios – como,
dentre outros, a exposição de ladrões do dinheiro público – causa
males de vasta implicação e cura duvidosa. Mas, não. Usa o seu poder de persuasão
para que exércitos de imbecis se interessem pela cor da cueca do artilheiro do
campeonato nacional; ou para transubstanciar trastes em heróis, ao mesmo tempo
em que vende merda de galinha preta para amaciar a pele.
Pensei nisso
numa sala de espera, folheando uma dessas revistas estéreis para leitores inteligentes e rentáveis para
editores espertos. Em Belo Horizonte proliferam
gourmets abobalhados que engolem qualquer coisa. Assim, o simples lançamento no
mercado de nova massa de pastel é bastante para desencadear um ror de festivais
de comida. Mas os respectivos promotores não chamam para o evento o pasteleiro
da esquina, que faz pastel há décadas e
tem “as manha e os canal” do bom pastel: assanhados os com a expectativa de um – como
eles dizem – “festim” (PQP!), disparam a convidar cozinheiros forâneos que chamam chefs, personagens
obrigatórios do dabalê-badalá gastronômico, alquimistas desvairados que jamais
farão um pastel de carne, mas inventarão pastel de tampinha de cerveja, de sabão de coco,
até de lixo hospitalar. No que são aplaudidos aos estertores.
O mais paparicado,
acho que é paulista, como chef é um
excelente marqueteiro. Tanto que de um ostracismo ressentido voou para os
píncaros da cozinha internacional, onde, dizem, é muito cotado. E ganha babas
de dinheiro para se apresentar na cidade, onde chega no próprio jatinho. Sua especialidade
é precipitar a ovulação em jovens senhoras e balzaquianas desencantas – como
tal, ávidas de grandes peripécias de alcova. O sujeito é bonito? Que nada ! Tem
cara de fuinha drogada e olhar de celerado prestes a assassinar; não ri como as
pessoas sãs, mas ostenta um permanente rictus tortuoso e tem o cabelo raspado à
Auschwitz, que lhe imprime um ar de demência senil.
Como
pode? Ora a mídia, como impôs que ele é o maior chef do Ocidente, decretou-lhe a condição de galã. Da noite para o
dia, o marmanjo virou milionário e ficou famoso, predicamentos suficientes para
ser achado lindo de morrer. O combustível da mídia se chama dinheiro. Negócios.
Dizia o meu saudoso amigo Harry Huven, do Tip-Top, negócio tem que ser bom para
os dois lados. Mas às vezes são três os lados, ou mais. Daí o famoso “rachid”,
muito usado na Administração Pública: eu ganho, tu ganhas, ele ganha, e nós
dois dividimos a sobra. O Chef Auschwitz é, como tantas invenções, produto desse
critério; tem muita grana por trás dele.
É onde eu te falo...
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