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segunda-feira, 25 de março de 2013

AH, ESSA FALTA DE SENSO CRÍTICO...



A mídia, herdeira da técnica inventada pelo gênio publicitário de Joseph Goebels   o célebre marqueteiro do nazismo   sabe como ninguém os segredos do hipnotismo que embrutece.  Quem não tomou o antídoto contra esse veneno sócio-político está, sem remédio, condenado aos  efeitos obsedantes do pó-pó-pó dos veículo de comunicação. Assim, por descuido e falta de raciocínio, o grande público que consome as mídias se torna cativo delas. São, todas três daninhas, as seqüelas da massificação midiática: o contágio ideológico; a ânsia de consumir e o endeusamento de farsantes. Vejamo-las (bela expressão), em simples exemplos.
A primeira transforma pessoas incultas em energúmenos sem cultura, massa fundamental para entronizar e manter vagabundos oportunistas no poder. A segunda aguça o babaca portador de um ótimo telefone a comprar similar, que além do prodígio de permitir a conversação, dá resumo de novela e previsão de similares a serem lançados. A terceira permite a ascensão de coisas tipo Piniquinho e Privadão ou Titiquinha e Cagalhão, que gemem desencantos de amor para faturar milhões.
Pois é. A mídia, da qual deveriam resultar só benefícios   como, dentre outros, a exposição de ladrões do dinheiro público   causa males de vasta implicação e cura duvidosa. Mas, não. Usa o seu poder de persuasão para que exércitos de imbecis se interessem pela cor da cueca do artilheiro do campeonato nacional; ou para transubstanciar trastes em heróis, ao mesmo tempo em que vende merda de galinha preta para amaciar a pele.     
Pensei nisso  numa sala de espera, folheando uma dessas revistas estéreis para leitores inteligentes e rentáveis para editores espertos. Em Belo Horizonte proliferam gourmets abobalhados que engolem qualquer coisa. Assim, o simples lançamento no mercado de nova massa de pastel é bastante para desencadear um ror de festivais de comida. Mas os respectivos promotores não chamam para o evento o pasteleiro da esquina, que faz pastel  há décadas e tem “as manha e os canal” do bom pastel:  assanhados os com a expectativa de um   como eles dizem  – “festim” (PQP!), disparam a convidar cozinheiros forâneos que chamam chefs, personagens obrigatórios do dabalê-badalá gastronômico, alquimistas desvairados que jamais farão um pastel de carne, mas  inventarão pastel de tampinha de cerveja, de sabão de coco, até de lixo hospitalar. No que são aplaudidos aos estertores.
O mais paparicado, acho que é paulista, como chef é um excelente marqueteiro. Tanto que de um ostracismo ressentido voou para os píncaros da cozinha internacional, onde, dizem, é muito cotado. E ganha babas de dinheiro para se apresentar na cidade, onde chega no próprio jatinho. Sua especialidade é precipitar a ovulação em jovens senhoras e balzaquianas desencantas    como tal, ávidas de grandes peripécias de alcova. O sujeito é bonito? Que nada ! Tem cara de fuinha drogada e olhar de celerado prestes a assassinar; não ri como as pessoas sãs, mas ostenta um permanente rictus tortuoso e tem o cabelo raspado à Auschwitz, que lhe imprime um ar de demência senil.
                Como pode? Ora a mídia, como impôs que ele é o maior chef do Ocidente, decretou-lhe a condição de galã. Da noite para o dia, o marmanjo virou milionário e ficou famoso, predicamentos suficientes para ser achado lindo de morrer. O combustível da mídia se chama dinheiro. Negócios. Dizia o meu saudoso amigo Harry Huven, do Tip-Top, negócio tem que ser bom para os dois lados. Mas às vezes são três os lados, ou mais. Daí o famoso “rachid”, muito usado na Administração Pública: eu ganho, tu ganhas, ele ganha, e nós dois dividimos a sobra. O Chef Auschwitz é, como tantas invenções, produto desse critério; tem muita grana por trás dele.

              É onde eu te falo...


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