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domingo, 7 de abril de 2013

O "LEÃO" CIBERNÉTICO




                Recebi  um vídeo com imagens interessantes; e falas interessantíssimas.  Que provam, aliás, o quanto as divindades estão evoluídas nestes tempos cibernéticos. Não era  pra menos. Os deuses, que tudo criaram, hão de ter criado chips e computadores de alto nível, inclusive os ditos  de última geração   os quais  já criaram mas ainda não  “disponibilizaram no mercado”  (ô expressão  fdp !). De toda sorte, dá pra perceber que eles, os deuses, já não falam apenas “nos cantos do piaga”, como ensinava o poeta Gonçalves Dias; falam pelas ondas de Hertz, no que vinham treinando desde os tempos da falecida Intelsat.
                É notável como as épocas vão deixando nos seus rastros sinais para os quais não se atenta e ensinamentos tantas vezes inaproveitados. Vejamos um exemplo singelo, dos tempos bíblicos. É de preceito que Moisés grimpou as fragas de Sinai para participar das sessões  legislativas  das quais resultaram os chamados, com muita propriedade, Cinco Livros de Moisés, ou Pentateuco
. Nesses livros, é notório, se compilam os decretos divinos dirigidos aos judeus. Quem os lê entende logo como os deuses, outrora, tinham preocupações... digamos, mais antrópicas, mesmo do ponto de vista da subsistência.
                Com efeito, foram prescritas aos judeus até mesmo detalhadas regras culinárias, do garde manger  (*) à ultimação das iguarias. Um capítulo importante no ordo (**) litúrgico dos hebreus, principalmente porque   por determinação dela própria   a divindade hebraica não era convenientemente adorada sem que previamente se colocassem sobre as brasas do propiciatório sagrado pedaços de bichos, ou bichos inteiros, para grelhar. As fumaças que se desprendiam dos assados subiam aos Céus  com seus “cheiros suavíssimos, agradáveis ao Senhor”. Então a divindade ficava contente e ajudava os seus adoradores. Aliás, muitas das prescrições divinas ditadas em Sinai vararam os milênios e são até hoje observadas nos rituais da famosa comida kasher (em hebraico) ou kosher  (em yiddish).
                Mas os tempos mudam. Hoje as divindades não são tão amenas. Os deuses estão informatizados; usam tecnologias avançadas para se entenderem com as gentes do Século XXI. Só por amor à modernidade? De modo nenhum. É que eles já não se contentam com meros cheiros suavíssimos e com um dízimo aleatório, ou em atraso. Ora, quando Abrahão,  voluntariamente, deu um “algum”  a Melquisedec (Gêneses14:17-20), não sabia que esse... agrado... acabaria assumindo um viés tributário. Mas virou, depois que Moisés  trouxe do morro essa disposição, inscrita na Lei: pagar o dízimo. No entanto, a exação não era em dinheiro, mas em víveres, gados, colheitas, essas coisas (Levítico 27:30-33). Curiosamente, os levitas (encarregados do ofício religioso) não pagavam dízimas; recebiam-nas !!! Bão, né?
                Bom, o tempo correu e as coisas foram adquirindo outros contornos: o dízimo passou a ser de pagame obrigatório. E em dinheiro; ali, de contado, com alíquota fixada em 10%. E no torvelinho da vida de hoje, quando os tempos andam bicudos e há tecnologia disponível, as divindades não querem mais que o tributo seja recolhido nos templos. Nada disso. Agora a ordem é recolher através do caixa eletrônico, por meio do cartão bancário. É a recomendação do tal pastor, cujo nome não sei, nem a que confissão pertence, mas cuja cara vejo sempre, quando fico naquela de ir mudando de canal pelo controle remoto. Dízimo no cartão! Sim, senhor, que método formoso... Certamente, é uma das razões   e da boa   pelas quais as divindades clareiam as cabeças humanas no avanço da ciência. Bem diria aquele faquir de largos saberes, Rahjwapapuh, o conspícuo:  

                 - É onde eu te falo...


(*)  Expressão francesa, literalmente, “guardião da comida”, significando o lugar bem ventilado, fresco e limpo
onde são inicialmente tratados e beneficiados os ingredientes ainda crus
            (**)  Em Latim, regra, disposição, sequência, ordem, encadeamento

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