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quarta-feira, 13 de março de 2013

O ESPÍRITO SANTO É PRECAVIDO...



Posso perder, mas aposto todas as fichas no meu prognóstico. Há cardeais que não contam com a simpatia do Espírito Santo, que é – segundo os próprios cardeais – quem escolhe os papas. Alguns já entram na Capela Sistina com o selo da inelegibilidade. A começar por Dom Aviz, que bateu forte nas trapaças do Banco do Vaticano, e pelo franciscano  O’Malley, que soltou os cachorros na pedofilia eclesiástica. É elementar:  corre no mundo a informação de que Benedictus XVI abdicou por não conseguir limpar as duas nódoas  fundamentais da Eclesia Sua Sancta (*), quais sejam, as trapaças financeiras e as práticas homossexuais.
                Desvio de dinheiro e maladrangens contábeis são  antiqua res  (**) no reino de São Pedro; tanto quanto os apimentados saraus de alcova, onde, ao que corre, não entram mulheres.  Portanto, não devem ser eleitos quaisquer dos arautos ostensivos da decência. O termo ostensivo  não tem segunda intenção: é que todo mundo é muito decente, mas na hora de espanar a sujeira, bico calado – segundo a  fórmula “não me comprometa”.  Portanto, Aviz e O’Malley não vão levar a sapatilha vermelha, ao que prevejo.
Quanto a Okogie, Wako, Njue, Pasinya, Pengo, Sarah,Napier,  Sarr  e Onalyekan, estes, conforme a opinião geral, estão presentes ao conclave apenas para compor o quorum regimental. Não contam por serem negros; e africanos ainda por cima. Um papa negro? Quá! Roma não permitirá o que para o establishment  da cúria romana é audácia desmedida, quando mais não seja pelo desconforto e pelo  despeito de príncipes e prelados cheios de pó-pó-pó nas goelas e ambiguidade nas falas. Demais, os cardeais africanos não se lixam para os endinheirados Banco do Vaticano e IOR-Instituto para Obras da Religião, cuja inutilidade lhe parece óbvia:   “São Pedro não tinha um banco!” – esbraveja Onalyekan. Ora, um Santo Pontífice africano, conhecedor das tragédias políticas e sociais da África, poderia ter a veleidade de curar as desgraças do seu continente a poder dos tesouros pontifícios. João Paulo I, quis fazer coisa parecida e... deu no que deu.   
Estão igualmente descartados cardeais de olhos amendoados    os que no mundo todo, principalmente no Brasil, são chamados, independente da nacionalidade, de japas. Roma prevê que um “papa japonês” será razão e figurante de anedotas internacionais, pondo em cheque a dignitas  nobilitasque  pontificalis (**)  [ Meu Latim anda lindamente, hein? ] A bem da verdade, fica-se sem saber se um papa-japa iria abençoar o mundo com o gesto clássico de esticar o indicador e o  médio da mão direita, ou com as tradicionais mesuras orientais; de resto, muito elegantes. De todo modo, um asiático não funcionaria bem no universo de São Pedro, que, apesar das concessões feitas, é  o c i d e n t a l  até a medula.    
Além desses, não terá credência do Espírito Santo para andar no papamóvel  os cardeais que reclamaram contra a escamoteação do tal dossiê secreto de Bento XVI    o relatório dos crimes  financeiros e do lobby gay, que, vai ver, está no cofre do Camerlengo. Não guardei  o nome deles, mas a mídia os apontou:  há cardeais ansiosos para ler esse dossiê    que, como se diz na roça, deve ser  “duzinferno”,  já que o sonegam ao próprio colégio cardinalício. Desengane-se, pois, quem tiver a pretensão de conhecê-lo.
Consta que o cardeal Odilo anda bem cotado no banco de apostas. Dizem os noticiários que ele esteve na administração dos fundos vaticanos nestes últimos tempos... Bem, não custa lembrar que um dos pontos fortes do dossiê de Bento XVI é o descalabro dos dinheiros de São Pedro. É... é um trem esquisito; mas inócuo: além da clarividência, o Espírito Santo é muito precavido...
 Em suma, Roma nunca vai mudar. E sabem de uma coisa? Se mudar, acaba.

É onde eu te falo...    

(*)  Sua santa igreja
(**)  Coisa antiga                                                                                                                                                                                      (***)  Dignidade e nobreza pontifical

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