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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

BAILE DE MÁSCARAS



A diligência da Wells Fargo corre pela estrada poeirenta rumo a Sacramento. Então, numa curva súbita surgem bandoleiros mascarados que pretendem roubar o cofre. Eles trazem sob os olhos lenços que lhes cobrem o rosto dos olhos para baixo. Aí matam o cocheiro e o guarda, mais um ou dois passageiros, pegam o cofre e somem. 
            No fim, apesar das máscaras, os meliantes são descobertos e, enquanto bebem no saloon, são devidamente abatidos pelo eficiente Colt Navy .45 do “mocinho” - que ganha a filha única do fazendeiro rico ou a herdeira espoliada pelo banqueiro sem-vergonha. Saborosas e recorrentes cenas nos velhos westerns que se assistiam com um saco de pipoca e outro de amendoim pralinê - igualmente saborosos.
            Nas películas de Hollywood, a máscara era um expediente para ocultar a identidade do vagabundo. E assim na vida real; mas antigamente. Hoje os criminosos usam malhas que lhes cobrem toda cabeça, deixando apenas aberturas por onde espiam o desenrolar do crime. Isso quando eles fazem questão de ficar incógnitos; há salafrários que não têm essa preocupação. Cínicos, agem de cara limpa. Brasília está “assim” deles.
            É de ver como o mundo evoluiu! Outrora os tralhas queriam o anonimato, pois tinham medo da lei. Hoje, nem tanto, embora receiem a exposição na mídia e, ultimamente, os juízos criminais que, depois da Ação Penal n. 470, deram de ficar menos tolerantes.
            O Ministério Público é um órgão enfezado. Age com denodo contra os canalhas brasilienses – não apenas nos libelos acusatórios, mas, e principalmente, nas investigações que fazem em prol do interesse público. Sim, porque o órgão também tem o poder da investigação criminal. Aliás, é o que vem decidindo o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, no julgamento publicado em 22/10/09, sob relatoria do Min. Celso de Mello.
            No entanto, e até porque existem decisões em contrário, “Brasília” se precata: nasce o projeto de lei cuja finalidade é retirar, aberta e definitivamente, essa competência do Ministério Público.
            Claro! Se investigam a fundo e conforme o “doa a quem doer”, muito vagabundo travestido de “Varão de Plutarco” pode ser “desmascarado” e condenado a qualquer momento, embora criminoso desse naipe não use -  literalmente falando - máscara. É de espantar? Não. Canalhice é mal sem cura. E assim, safados ilustres - autores e defensores desse projeto - consideram que é um grande perigo para a República deixar o Ministério Público vasculhar o lixo brasiliense. Esse povo não tem limite. Parece coisa da Infâmia & Cia. Ilimitada.
            Os brasileiros poderiam, mesmo, levar a cabo - objetiva, literal, radical e materialmente - o conselho de Voltaire: Écrasez l’infâme ! – esmagai o infame!
              
            É onde eu te falo...

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