Quem
não leu o Guia Politicamente Incorreto da
História do Brasil , deve fazê-lo;
imediatamente. Escreveu-o Leandro
Narloch, misto de jornalista/investigador/exorcista que, de acordo com fatos
que coletou, descobre a nudez nada
formosa de certos vultos heroico-santificados
da nossa História. Pelados, sem a roupagem grandiosa com que babacas e mal
intencionados os sepultaram em mausoléu de luxo, indivíduos ditos de alto
coturno histórico se revelaram avantesmas medíocres, rebotalhos comuns,
derrotados pelos Deuses; e por sua própria “merdeza”.
Percebendo
que a História do Brasil está encharcada desses “vultos” simulados, o autor (ex-Revista
Veja) cavou cemitérios por aqui e acolá, e os ressuscitou, para analisá-los sob
as lupas da isenção e as luzes da verdade. E... papagaio! A julgar pelos dados
que Narloch coletou, este Brasil coitado é um armazém de mistificações – das
petas mais ridículas às farsas mais canalhas, tramadas no Império e nas
Repúblicas subsequentes.
Quando,
no ginásio ainda, comecei a ler textos depurados e inteligentes sobre a nossa
História, não me foi difícil perceber que Rocha Pombo, João Ribeiro, Paulo Setúbal, Capistrano de Abreu et caterva (*), com seus penachos de
grandes historiadores, eram fantasistas descompomissados ou manipuladores sem pudor. Quanta fraude! Quanta invencionice, contada como verdade, foi
empurrada à força nas nossas goelas infantis. Mais irrealistas que os feitiços das bruxas. Muios anos mais tarde, quando a
ideologia política já contaminava a mídia, as embromações históricas revelavam
a quem tinha olhos de ver, e de ler, a sua elefantíase asquerosa. Infelizmente,
como esses olhos eram meio vasqueiros, deu no que deu...
Seja
como for, constrange o deparar-se com a desmistificação de personagens como Aleijadinho, Santos
Dumont, Tiradentes, Juarez Távora, Fernão Dias, por exemplo; afinal, são
ícones. Mas não causa espécie (só repulsa) a farsa de Luiz Carlos Prestes e
seus “peregrinos”, desmascarados e documentalmente mostrados, na cola de
Lampeão e seu bando, como saqueadores e estupradores que martirizaram boa parte
do Brasil numa pretensa caravana libertária. Também não trazem novidades,
embora irrite, as revelações escabrosas
sobre atuais “políticos” ungidos e quase canonizados pela má-fé de uns e pela
imbecilidade de muitos.
O
brasileiro precisa ler a obra de Leandro Narloch para deixar de ser bobo.
Muitos vão cair de quatro; inúmeros vão maldizê-la; alguns vão rir e dizer:
esse aí nunca me enganou... E não se
pense que o autor cuida somente de farsantes; também trata de farsas de outra
etiologia, como, por exemplo, a de que o grande prato nacional – a feijoada – é
de origem africana, já que partes do porco, consideradas refugos, eram atiradas
aos escravos pelos senhores de terras. Sempre achei que isso é conversa fiada:
aqueles fazendeiros coloniais, imperiais e republicanos, bichos rudes e
avarentos, comiam até meia com chulé pensando que era queijo Vieux Bologne...
É onde eu te falo...
(*) Expressão latina que significa “e companhia” - ou bando,
grupo, malta, o que quiserem”.
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