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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

LENDAS E MITOS - delícia dos livre-pensadores



Houve divergências quanto ao faraó que detinha as Duas Coroas ao tempo do êxodo dos hebreus. Uns poucos apontaram Meremptah ou Merneptah, 13º. filho de Ramsés II; outros sugeriram Pepi I. No entanto, predominou, com os louros de proposição majoritária, a corrente que indicou Sua Majestade Graciosa Ramsés II, o grande, neto de Ramsés I e filho de Seti I.
A opinião de que Pepi I detivesse o trono egípcio ao tempo do Êxodo é historicamente inaceitável. O só fato desse faraó pertencer à VI Dinastia o tira da liça. Essa dinastia foi a última do Antigo Império, que findou mil anos antes da travessia dos hebreus rumo a Canaã: é provado documentalmente que a emigração dos hebreus do Egito seu de por volta do Século XIII AC, e Pepi I governou o Império por volta de dois mil anos Antes de Cristo; a esse tempo nem se formara ainda a grande colônia hebraica em terra egípcia.
Quanto a Merenptah ou Merneptah, a coisa tem contornos anedóticos. Quando lhe abriram o sarcófago, encontrado nos finais do Século XIX, verificaram-se manchas brancas na sua múmia. Ah, pra quê! Embora os próprios judeus se mostrassem reservados a respeito, a Cristandade entrou em delírio santo: - Meremptah morreu no mar! – esgoelavam as coortes cristãs no auge dos seus sagrados delírios, pois entenderam, e divulgaram, que as tais manchas brancas eram pura concentração de cloreto de potássio, clássico elemento do mar; e das cozinhas.
Pronto! A cama estava feita. Que faraó morreu no mar? Só um! Só ele, que perseguia os judeus retirantes e foi tragado pelas ondas quando Moisés parou de hipnotizar o Mar Vermelho, no qual ele abrira um vasto carreiro para a passagem do Povo de Deus!
Choveram aleluias em todo o Planeta. - Mordam suas línguas venenosas, gentios! O Livro Sagrado não mente! Tudo que está na Bíblia é verdade, ó insensatos! – berravam os “Pregadores da Palavra”, inundando as nações com seus perdigotos santificados. E era, de fato, um achado, aquela “evidência” de um faraó afogado no Mar Vermelho, muito conveniente para comover os cabeças-ocas de sempre. Mas, a História - notadamente a egípcia, tão detalhada e documentada em pedra e papiro - nunca registrou um faraó morto por afogamento! Sim, mas porque a Humanidade não estava preparada para receber essa revelação divina com certidão de autenticidade – diziam.
- Os desideratos divinos não se mostram facilmente comprováveis, já que o Criador prefere que essas comprovações, Aleluia!, se evidenciem pela fé! – berravam. - Mas eis que um dia Ele, segundo os seus divinais critérios, decide mostrar a verdade, e eis que o Faraó do Êxodo exsurge das trevas, demolhado em sal marinho, para confranger os descrentes, Aleluia! – urravam. Virou um auê só. A múmia de Merenptah dava foros de realidade histórica às lendas do Livro de Êxodo.
Mas a exultação durou pouco. A Ciência desmistificou a louvaminha. Acurados exames de laboratório provaram que as manchas brancas no cadáver mumificado de Merenptah se deviam ao natrão, Na2.Co3.10H2O, um composto de carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, sal e sulfato de sódio, larga e notoriamente empregado na Casa dos Mostos para desidratar os tecidos e combater às bactérias! Todas as mumificações do Egito antigo eram feitas com o emprego do natrão...
- Oh, maldita seja essa Ciência, que nos vem contradizer! – murmuravam os arautos cristãos. Se a praga pegou, não sei, mas a Ciência, maldita ou não, só tem avançado no trabalho salutar de desmanchar mistificações religiosas. O tempo passou e os pregadores se quietaram, sem jamais esconder o desgosto de ver os cientistas, inda uma vez, roubando-lhes os trunfos de mais um mito; e um mito de enorme potencial político/econômico...
Certo é que egiptólogos, historiadores, arqueólogos e similares endossam seriamente que o Faraó do Êxodo era Ramsés II, filho de Seti I. Afinal, há certeza histórica de que foi Seti I, o sábio, quem iniciou a construção de Pi-Ramsés, cidade do estuário ultimada por seu filho Ramsés II, que para lá transferiu a sede do governo egípcio – fugindo da influência daninha dos sacerdotes, casta delirante amontoada em Tebas. E, embora não se possa, racionalmente, dar crédito integral às notícia do Livro de Êxodo, sabe-se que foi durante as obras de Pi-Ramsés que o neto (pelo lado materno) de Seti I, o príncipe Ptah-Mose, matou um operário e se escafedeu para as terras de Madian – de onde, depois de roubar o sogro Jethro, retornou ao Egito com o nome de Moshe, ou Moisés,  casado com a saborosa Séphora, a legendária safira madianita. Aliás, Séphora de Madian, graças ao diretor Cecil B. De Mille, passou a se chamar Yvonne de Carlo...   

É onde eu te falo...
  

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