O populismo aliciador é, por si só, uma praga; e praga que, por sua própria natureza, tende à exacerbação progressiva. Aí reside o maior perigo: o que era só um método latrinal de governar se transforma num tumor purulento, ativado pela megalomania e pela estupidez. No Brasil, felizmente, não se tem notícias dessa enfermidade. Tem outras.
Mas aqui só se desenvolvem moléstias brandas, tais como falta
de saneamento básico, rodas de propina, escolas desinformantes, professores “amestrados”
ideologicamente, forte banditismo urbano e parlamentar, rede de drogas administradas por “gente
de alto nível”, justiça emperrada, ONGs bandoleiras, nepotismo, sistema
tributário espoliativo, muita gente que não trabalha e vive de tenças governamentais,
compulsão de sufocar o agronegócio, coisas assim, de pouca monta, como a
indústria da seca.
Ah, por
falar em seca, que fim levou a transposição do São Francisco? Saí a perguntar e, no mais das vezes, as pessoas balançaram a cabeça com ar de dúvida, porque
também não sabiam; quando alguém me respondia, eram embromações e desculpas
esfarrapadas, tão comuns hoje em dia. Inquieto, telefonei para Rahjwapapuh, o
inefável, que estava na Coréia do Norte, onde, a convite da ONU, observava as farrombas do enfant gâté (*) que a governa.
Rahjwapapuh sabe das coisas. Sabe de tudo. Transcrevo o que ele disse:
“Aquilo
desandou. Foi o de sempre: verbas escassas ou desviadas, empreiteiras que
abandonam as obras querendo correção de preços, desinteresse governamental,
furtos, roubos, apropriações indébitas, esse tipo de coisa. Ali só trabalhou
bem, e com zelo, o contingente de engenharia do Exército, mas também ele não
conseguiu levar as coisas a contento, por falta de... estímulo logístico: alguém teve medo de que os “home” ficassem
com a glória...”
Mas, pombas! E os zilhões gastos ali, as obras
de arte já feitas, isso não se leva em conta? Vão deixar a obr a ao deus-dará,
como as muitas centenas que o mato cobre e o tempo desarvora ? “Acho que sim...” – foi o parecer do derviche Adib Al-Moufaad
Al-Fayat, com quem me encontrei em Riad semana passada. Al-Moufaad é um
poderoso mago, daqueles que fazem prodígios com suas ciências secretas. Ele
vinha de uma inspeção no Nefud, contratado pelo governo saudita, avaliando a
possibilidade de canalizar até lá as águas do Mar Vermelho que, seriam, conforme
projeção governamental, dessalinizadas numa estação de grande porte; com know-how londrino.
-
É viável? – perguntei. O derviche disse
que sim. - A Arábia Saudita, você sabe,
tem dinheiro pra isso – ele comentou. - E mais que isso, tem leis muito severas
contra patifarias com dinheiro público. Muçulmano, você também sabe, não brinca quando pilha os canalhas se
enricando com as verbas do erário real... O meliante é executado sem apelações, agravos,
embargos infringentes, esses nhenhéns procrastinatórios que vocês usam lá no
Brasil – e rematou: - Ali, roubou, tá no
sal!
Mandei levar a Brasília o plano de entregar a
transposição do São Francisco ao governo de Riad, ou de outra nação do Islã,
sob a supervisão, claro, de Adib Al-Moufaad Al-Fayat. Eu estava certo de que em
poucos meses a obra estaria pronta. E estaria, mesmo. Se Brasília endossasse o
meu plano. Mas... nunca obtive resposta.
É onde eu
te falo...
(*) Do Francês, menino mimado, filhinho de papai, bundãozinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caso queira, faça contato direto por email: rubens2instancia@hotmail.com