Cinismo (do
grego kynismós ) é vocábulo de dupla
acepção: a) em Filosofia, diz com a Escola Cínica, de Antístenes e Diógenes,
cuja síntese é a vida desligada de convenções e regras sociais; b) no uso comum
é apenas, como diz Aurélio, “impudência, desvergonha, desfaçatez, descaramento”. Filosoficamente, acho que a súmula do pensamento cínico da Idade
Contemporânea foi Woodstock; e tenho certeza de que o auge do
cinismo (na acepção comum do termo) acontece agora, no Cone Sul.
Falei aqui,
recentemente, que no Cone Sul, depois dos horrores da Operação Condor, está em
andamento a repugnante Operação Abutre – farinhas do mesmo saco. Como a Humanidade,
quanto mais avança em tecnologia, mais progride em estupidez, as pessoas deixam
de perceber que Esquerda e Direita são gêmeas univitelinas, cujo pai é um velho
caquético chamado autoritarismo
e cuja mãe é uma rameira gonorréica que atende por canalhice. Por isso é que Condor e Abutre carregam, igualmente, a
maldição de viver de carniça e se esbaldar na podridão; só diferem nas suas cartilhas
ideológicas, as quais ensinam – embora por idéias diferentes – como excretar os produtos da sua trágica dieta (sempre
pelo mesmo orifício). No que, teleologicamente, se resumem e se esgotam.
Por meia
dúzia de gatos pingados, Maduro derrotou a forte oposição aos rudimentarismos
chavistas, o que, levando em conta o empate técnico e a ideologia do “não
importam os meios”, sugere corrupção eleitoral. Capriles, no que
faz muito bem, suscita que houve fraude e pede recontagem de votos. Pois é. Na
Venezuela existe um tal de Conselho Nacional Eleitoral (deve ser uma espécie de
TSE). E esse Conselho, na tirada mais cínica da farsa chavista, decide “dar início
aos procedimentos para auditar os resultados das eleições presidenciais de 14
de abril”.
Ora, se o
verbo “auditar” já é um neologismo fiedaputa, imagine-se o que será esse
auditamento, regulado por um órgão jurisdicional “amestrado” por Hugo Chavez – que
fez na Venezuela o que a despirocada Viúva Kirshner está fazendo na Argentina e
que um bando de criminosos condenados articula no Brasil: a domesticação do Poder
Judiciário. O tal Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para dar um “cala boca” no
Capriles, vai “auditar” (pqp!) as eleições venezuelanas, mas avisa que ... não vai abrir as urnas, não vai contar os comprovantes
de votação e não vai comparar o resultado da recontagem com o da ata de apuração feita pelo próprio Conselho Nacional Eleitoral
!!!
Lindo, né? Esse Conselho vai fazer o quê? Pensem
detidamente nas restrições por ele impostas para “auditar” as eleições que proclamaram a vitória a Maduro. E tirem as
suas conclusões. Que raio de recontagem é essa, se: a) as urnas não podem ser
abertas; b) não se levará em conta o número dos venezuelanos que compareceram
às urnas; c) o resultado da auditagem não poderá ser cotejado com a tal ata de
apuração!!! TRADUÇÃO: apesar de eventual fraude, prevalecerá sempre o resultado apregoado na... ata. Por isso é que os seguidores das duas cartilhas
malditas têm essa ânsia de encabrestar o Poder Judiciário.
Cuidado! É
assim que a coisa funciona. Já que "bolsista" não pensa, se a sociedade pensante bobear, faltará pouco para termos a versão
brasileira do Conselho Venezuelano. Justamente agora, quando o Judiciário Brasileiro
tomou coragem de desabusar os bandidos de alto coturno. Pobre Brasil !
É onde eu
te falo...