Hollywood
tem obsessão por carro em alta velocidade; de preferência com avanço de sinal,
corrida na contra-mão e – esse é o seu maior deleite – com abalroamentos descomunais
e trombadas que espatifam veículos e condutores. Depois, gosta de mostrar a
incompetência da sua polícia ostensiva que, além de perder as corridas para os
bandidos, avisa-os da sua chegada explodindo
sirenes. Os comentários dos espectadores são os mesmos: Gente! Por que a
polícia se antecede de estardalhaços, quando poderia surpreender os meliantes?
Ninguém sabe a resposta, mas todos estranham.
Como a sociedade brasileira estranha as
pérolas, legais ou não, que permitem - aliás, obrigam – as autoridades a soprar
fumaças escamoteadoras em determinadas investigações: antes de iniciar suas
atividades investigatórias, a polícia adverte os vagabundos: - “Ô, cara! Se liga e dá teu jeito, ô meu, que
dipois de dipois damanhã a oito dias nós vai vasculhá o teu galinheiro, tá
sabêno, ô malandro?
È claro que o aviso não é
dado nestes termos; mas deveria. Deveria, sim, ser dado em linguagem bem chula...
consideradas as circunstâncias. Mas não é assim. O aviso, editado com
antecedência razoável – por motivos óbvios – é enviado no juridiquês mais empolado, nos
termos do parágrafo x do artigo tal da lei qual, modificada pelo decreto y
combinado com o artigo w, “caput”, e
respectivas alíneas III a XXXIX e do artigo x+y da lei tal, que alterou o
decreto x+z... etc. Esses penduricalhos, de tão rara excelência, é que conferem
validade legal à investigação (dita sigilosa) e resguarda os delinqüentes da
surpresa, segundo o “due process of law”.
A notificação prévia dos trastes,
suspeitos de trapaça ou claramente envolvidos nelas, permite-lhes esvaziar
gavetas, queimar arquivos, sumir com indícios e outras medidas de... cautela.
Os bandoleiros, é claro, se preparam. A investigação, quando dá com alguma
coisa útil, é por descuido dos envolvidos, que se esqueceram de ocultar um
memorando safado ou um bilhetinho de amor proibido. Pouco se apura mas a diligência investigatória
está salva, devidamente molhada com baldes e caçambas de inteireza legal e
juridicidade plena, segundo os cânones do Estado Democrático de Direito, etc., etc.,
etc.
Assim foi vasculhada a célula
paulista da Presidência da República, avisada com boa antecedência por ordem
judicial. Acharam-se miuçalhas, apenas, inclusive restos de um chá de alecrim numa xícara suja. Mas não estranhem. É
de preceito que esses avisos sejam expedidos quando a investigação será feita
em... “setores muito sensíveis” (!!!) da Administração Pública. Pois é. As
leis visam a proteger a sociedade e as... mas, às vezes, só teoricamente, né?
Ah! Já ia me esquecendo: como é, mesmo, “alecrim” em Inglês?
É onde eu
te falo...
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