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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

COMO ERA DOCE O MEU CHÁ DE ALECRIM...



            Hollywood tem obsessão por carro em alta velocidade; de preferência com avanço de sinal, corrida na contra-mão e – esse é o seu maior deleite – com abalroamentos descomunais e trombadas que espatifam veículos e condutores. Depois, gosta de mostrar a incompetência da sua polícia ostensiva que, além de perder as corridas para os bandidos, avisa-os da sua chegada explodindo  sirenes. Os comentários dos espectadores são os mesmos: Gente! Por que a polícia se antecede de estardalhaços, quando poderia surpreender os meliantes? Ninguém sabe a resposta, mas todos estranham.
             Como a sociedade brasileira estranha as pérolas, legais ou não, que permitem - aliás, obrigam – as autoridades a soprar fumaças escamoteadoras em determinadas investigações: antes de iniciar suas atividades investigatórias, a polícia adverte os vagabundos: - “Ô, cara! Se liga e dá teu jeito, ô meu, que dipois de dipois damanhã a oito dias nós vai vasculhá o teu galinheiro, tá sabêno, ô malandro?  
            È claro que o aviso não é dado nestes termos; mas deveria. Deveria, sim, ser dado em linguagem bem chula... consideradas as circunstâncias. Mas não é assim. O aviso, editado com antecedência razoável – por motivos óbvios – é enviado no juridiquês mais empolado, nos termos do parágrafo x do artigo tal da lei qual, modificada pelo decreto y combinado com o artigo w, “caput”, e respectivas alíneas III a XXXIX e do artigo x+y da lei tal, que alterou o decreto x+z... etc. Esses penduricalhos, de tão rara excelência, é que conferem validade legal à investigação (dita sigilosa) e resguarda os delinqüentes da surpresa, segundo o “due process of law”. 
A notificação prévia dos trastes, suspeitos de trapaça ou claramente envolvidos nelas, permite-lhes esvaziar gavetas, queimar arquivos, sumir com indícios e outras medidas de... cautela. Os bandoleiros, é claro, se preparam. A investigação, quando dá com alguma coisa útil, é por descuido dos envolvidos, que se esqueceram de ocultar um memorando safado ou um bilhetinho de amor proibido. Pouco se apura mas a diligência investigatória está salva, devidamente molhada com baldes e caçambas de inteireza legal e juridicidade plena, segundo os cânones do Estado Democrático de Direito, etc., etc., etc.
          Assim foi vasculhada a célula paulista da Presidência da República, avisada com boa antecedência por ordem judicial. Acharam-se miuçalhas, apenas, inclusive restos de um chá de alecrim numa xícara suja. Mas não estranhem. É de preceito que esses avisos sejam expedidos quando a investigação será feita em... “setores muito sensíveis” (!!!) da Administração Pública. Pois é. As leis visam a proteger a sociedade e as... mas, às vezes, só teoricamente, né?
           Ah! Já ia me esquecendo: como é, mesmo, “alecrim” em Inglês?

            É onde eu te falo...

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