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sábado, 1 de dezembro de 2012

AI DOS PASSARINHOS INSENSATOS...



            De Vargas a Jango, foi a casinha feita de guloseimas, como a da história de Joãozinho e Maria; nos governos militares virou carro alegórico, cujo tema era o Tesouro de Golconda, a instituição dos salários régios dos “Príncipes da República” – título que antes pertencia aos antigos funcionários do Banco do Brasil; de uns anos para cá é um “barracão de escola de samba”, onde o zabumba da bateria marca evoluções de alas e passistas que dançam o lundu partidário. Eis, ao que consta, a carreira da Petrobrás.
            Passou por mudanças de perfil mas  (também consta) nunca se livrou do seu estigma de nascença: a incompetência administrativa. A Petrobrás, como os católicos, já nasceu com o “pecado original”, fadada à gestão de apadrinhados sem tino – curiosos enfatuados com pose de gênios. Além disso, consta que... Mas, não! Acho que estou dando muito ouvido ao que consta. Creio que há exceções. Claro que há; sempre há, principalmente se procuradas com uma poderosa lente de aumento.         
            Seja como for, não se atina com todas as razões (verdadeiras, não de embromação) que levam uma grande empresa, que vende produtos fundamentalmente essenciais para a vida moderna, a viver em constante apertura financeira. Motivos há. Cessão quase gratuita de combustível brasileiro a “países amigos”; conchavo político-ideológico para presentear governo alinhado com o direito de invadir e “nacionalizar” bilionárias instalações pagas pela empresa brasileira; desvio de fundos para fins nebulosos, patrocínio de festivais de mau gosto, por exemplo, estão entre esses motivos, conforme consta - fora os que... não constam. 
            A voragem fiscal, típica do Brasil, leva o Governo a por as montadoras em regime de produção de guerra, porque a ordem é explodir as estatísticas da compra e venda de veículos. O país se transforma num apocalíptico novelo de carros que trafegam dia e noite. O Brasil engarrafa; e não sai do lugar. Antes foi a ordem aos bancos para financiar veículos em até 500 meses. Deixe que comprem! Brasileiro é burro; não olha o custo do automóvel; só verifica se a prestação cabe no seu orçamento!  Ora, arrecadar é preciso; e cada vez mais. Afinal, o custeio da máquina estatal hipertrofiada não é batatinha. Pois não transformaram o Estado brasileiro num “vasto paquiderme”? (a expressão é de Machado de Assis). 
            Então, a inexorável lei de causa e efeito desce o porrete: malfeitorias geram malfeitos. Políticas rudimentares não deságuam em mar de rosas. E assim o consumo de combustível chega ao patamar da estupidez. Resultado: o Brasil não tem combustível suficiente para enfrentar esse desatino. E la nave va...
            E estou, muito refestelado, lendo a minha VEJA, quando viro a folha e dou com quem? Será que é a... Não, deve ser a... Pois não sei quem é. Parece uma improvável mistura de Morticia Adams e Maga Patalógica, mas não sei. Não concluo até bater os olhos na legenda. Ah, sim, agora reconheço. Ora, que memória a minha! É a Graça Foster, presidente da Petrobrás, mandando aos brasileiros a sua doce mensagem natalina: o preço dos combustíveis será majorado em 15% !!!
          Disseram-me que ao Brasil falta tenência, além de um pouco de humildade. E fico pensando: seria bom que os brasileiros se lembrassem das singelas verdades da gente do mato; matutos e mateiros, sempre sábios, têm um lema como diretriz de vida: “passarinho que come pedra sabe o cu que tem”.   
             
            É onde eu te falo...

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