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terça-feira, 14 de agosto de 2012

SÃO PEDRO NA BERLINDA ?


              Paolo Gabriele (atenção, é pá-olo e não paô-lo ) mordomo de Sua Santidade Benedito XVI, está em prisão domiciliar dentro do Vaticano, onde amarga a acusação de se  apropriar de um cheque de cem mil euros e outras coisas, inclusive documentos secretos da Santa Sé. O episódio traz à memória, trinta anos depois, a saga dos “Banqueiros de Deus”, financistas que administravam criminosamente as finanças do Vaticano, através de estranha ponte entre o Estado Papal e o crime.
            Quem não acompanhou à época, pode buscar na Internet os desconchavos do economista Michele Sindona, do banqueiro Roberto Calvi, do bispo Marcinkus e outros figurões, que manobraram bilhões de dólares do Vaticano em paraísos ficais e protanizaram outras falcatruas. De permeio, as sérias suspeitas do assassinato de João Paulo I, que fazia um grande expurgo na direção das instituições financeiras da Santa Sé, nas quais prelados e seculares, todos  de conduta duvidosa, dançavam  cirandas secretas e lucrativas.     
           Entronizado João Paulo II, os tais financistas foram reconduzidos aos seus cargos, fato que culminou no escândalo do Banco Ambrosiano. Sindona foi assassinado na prisão, Calvi foi encontrado pendurado numa corda numa ponte sobre o Tâmisa (“O poderoso chefão 3”...) e Marcinkus, que usava uma pistola presa à canela e dizia que o Vaticano não era governado por ave-marias, se auto-exilou nos Estados Unidos, cheio de imunidades diplomáticas e os cambau.   
            Coincidência, estou lendo “Biografia não autorizada do Vaticano”, do espanhol Santiago Camacho, editora Planeta. Santo Deus! Com citações e referências autorais, ali estão coisas de arrepiar. São manobras de Pio XII para acoitar criminosos nazistas e proteger os croatas da organização uastashi , que, na ânsia de uma Croácia católica, trucidaram a sangue frio milhares de sérvios em 1941; e também os campos de extermínio croatas comandados por franciscanos, dentre eles os frades Miroslav Filipovic, comandante do campo de Jasenovac, onde milhões de judeus e seguidores da Igreja Ortodoxa foram trucidados, e Pedro Brzica,  que, pessoalmente, teria matado 1.350 prisioneiros, sob a supervisão do cardeal primaz Alojzije Stepinac - elevado por João Paulo II à categoria de beato.
            Além disso, as ligações vaticanas, entrelaçadas pelos mesmos "banqueiros divinos", com os capi  Gambino, Lucky Luciano, Joe Masseria, Vito Genovese & Cia; as operações de lavagem de dinheiro da máfia siciliana; o estouro dos bônus falsos no valor de 950 milhões de dólares, encomendados ao especulador austríaco Ledl pelo Cardeal Tisserant e colocados nos Estados Unidos em 1971; as trapaças sucessivas com a fortuna do poderoso IOP-Instituto de Obras Religiosas (Marcinkus e um punhado de maçons da Loja Propaganda Due,  lá, deitando e rolando); os rombos colossais nas reservas do Banco do Vaticano e muitas outras embrulhadas ficanceiras/eclesiais ... Papagaio! É de estarrecer. Se tudo isso é verdade, sei não. Melhor não saber.
           
          É onde eu te falo                      
           

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