Pois é. A Guerra
dos Emboabas ainda rende os dividendos comuns aos conflitos de sangue.
Deflagrada no começo do Século XVIII, quando os paulistas tentaram se apropriar
das jazidas de ouro de Minas Gerais, terminou com a derrota dos invasores na
célebre escaramuça do Rio das Mortes. Passados trezentos e poucos anos, parece
que os paulistas não conseguiram exorcizar os
fantasmas do ressentimento. Malogrados no sonho de ganhar o ouro mineiro,
investem na apropriação das quitandas mineiras: o pão-de-queijo e a broinha de
fubá de canjica; por enquanto.
Nas
publicações especializadas e na televisão é bem visível o movimento
apropriador. O mineiríssimo pão-de-queijo-nosso-de-cada-dia já aparece - e não
timidamente - com certidão de nascimento passada por jornalistas e culinaristas
bandeirantes: ele teria nascido, segundo esses arautos, em São Paulo !!! Tanto
assim, diz um escritor do metier culinário do Rio Tietê, que a primeira loja
brasileira especializada em pão-de-queijo foi aberta, há muitos anos, em São
Paulo... Tem até um japonês do Anhangabaú, fazendo pão-de-queijo na televisão e
alardeando que se trata de uma “especialidade brasileira”; não mineira,
especificamente...
Conversa
fiada. O Brasil ignorava o nosso bolinho de polvilho doce e queijo minas curado até a entronização
de Itamar Franco no governo da República. Como é notório, o Presidente Itamar se
perdia por uma boa fornada de pão-de-queijo, fato que a mídia divulgou com o
mesmo alarde jocoso com que a Wall
Street paulistana investiu contra o Ministério Itamariano: ressentida com a ausência dos seus
conterrâneos nas pastas ministeriais, chamaram-no de “Ministério Pífio”. Aliás,
a acidez bandeirante foi superlativa quanto ao ilustre mineiro Paulo Hadad,
indicado para o Ministério da Fazenda. Todos se lembram.
Como se
lembram que a Rede Globo, num sketch
humorístico, mostrava, na fala do locutor, “o Presidente Itamar governando” -
um Itamar caricato, com topete de meio metro, devorando uma bandeja de
pão-de-queijo como um cachorro esfomeado, engolindo com sofreguidão e cuspindo
farelos pra todo lado. Desrespeito. De todo modo, foi aí que o Brasil conheceu
o pão-de-queijo.
Insatisfeitos,
os vencidos na Guerra dos Emboabas, já se apropriam também das nossas broinhas
de fubá-de-canjica. Essa quitanda, preciosa com um bom café coado, dourada e cheirosa, já
não é primazia mineira: agora chamam-na de... “broinha paulista” ! Quem “agüein-n-ta” ?
Parece fixação. Logrados no
intento de abocanhar as pepitas douradas, partem, séculos depois, na perseguição
das douradas quitandas mineiras. Um
Eldorado de forno?
É onde eu te falo...
PS - Eu já deveria, faz tempo, ter encarecido no "É onde eu te falo" a minha aversão ao tal Acordo Ortográfico que anda por aí. Não o adoto, é claro; notadamente quanto ao hífen e à acentuação gráfica. E no meu blog escrevo como quero; ou melhor, segundo as boas regras que custei a aprender. Nem as alfaias (aliás, muito pretensiosas) da Academia Brasileira de Letras que me farão endossar as respectivas louçanias.
PS - Eu já deveria, faz tempo, ter encarecido no "É onde eu te falo" a minha aversão ao tal Acordo Ortográfico que anda por aí. Não o adoto, é claro; notadamente quanto ao hífen e à acentuação gráfica. E no meu blog escrevo como quero; ou melhor, segundo as boas regras que custei a aprender. Nem as alfaias (aliás, muito pretensiosas) da Academia Brasileira de Letras que me farão endossar as respectivas louçanias.
Kk..foi a primeira grande derrota da vd df..eles estavam mal acostumados a genocidar ocas guaranis e tapuias pondo fogo nelas mas os colonos da reparticao do norte e seus protetorados exportadores mores entre olinda extremo leste e salvador fez a paulixada se preparar para as derrotas de 30 e 32..paulixo nao e ruim so no front..tudo ke existe la e obra de migracao de nao paulixos sejam sicilianos ou estepicos do sector centro ocidental do plato atlantico setentrional e seus hinterlands cristalinos de belas montanhas
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