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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PÍLULAS


            Por mais enfadonho que seja, o julgamento do Mensalão permanece sob os fachos da mídia. Mas, ao que tenho ouvido nas rodas forenses, a comunidade nacional não deve ter muita esperança de resultado a curto prazo, pois os famosos “pedidos de vista” antes da sentença virão, é quase certo. Ao fundamento de que certos argumentos levantados na tribuna merecem avaliação, esperam-se um ou dois pedidos de vista, feitos até por ministros que já tenham voto pronto. Geralmente, o efeito maior desses hiatos é o de atrasar a decisão final do plenário, em nome do “due process of law”, ou devido processo legal.
           
            Roberto Jefferson, abatido e defecado, ruge diatribes contra Lula. Agora  (e só agora)  ele afirma de pé junto, que o ex-presidente sabia, sim e muito bem, da maromba do Mensalão - fato que negou quando fez as denúncias do esquema de compra e venda de parlamentares. Não proponho que Lula ignorava o tal esquema nem afirmo o contrário; afinal, eu não estava lá pra ver. Mas o disse-não-disse do  Jefferson tem uma lição: denúncia pela metade é sempre temerária, já que trapalhadas dessa natureza não costumam ficar para sempre encobertas. O denunciante que não põe todas as cartas na mesa acaba, como um quixote-de-meia-tijela, encarnando o “cavaleiro da triste figura”.  

            O Brasil tenta, sem êxito, ser uma grande democracia ao estilo americano. Mas a questão é de DNA. Os Estados Unidos têm alicerce inglês, e inglês, ao que consta, é um coquetel anglo-saxônico-viking-normando, que tem a objetividade entre as suas principais características. Já o Brasil adotou, nem podia ser o contrário, o sistema legal português, excessivamente detalhista, marcado pela prolixidade e pelo nhenhenhém gosmento de marchas e contra-marchas no curso do processo mais singelo. Navegando sobre essa gosma que é o Direito Positivo Brasileiro, advogados criminalistas “deitam e rolam”, sempre descobrindo uma fresta, que alargam, por onde enfiam as suas famosas catimbas forenses. O Brasil tem duas grandes enfermidades que não constam do Código Internacional de Doenças: voto secreto e leis escorregadias. Será que isso vai mudar?

            Os jornais de hoje - como os de ontem, acusadores implacáveis ou afagadores compassivos - falam do natalício de Fidel Castro. Para eles o aniversariante não é ditador; é “comandante”. Esse título, na voz do povo, tem duas faces - uma de ordem vocabular: comandante é quem comanda e isso Castro faz desde 1959, comandando com mão de ferro uma ditadura anacrônica e vulgar; outra de ordem patológica, como já disseram por aí: Castro é um caquético comatoso, encarnação do “coma que anda”, ou “coma andante”. Acho que isso é falta de piedade com um ancião. Mas omiti-lo da lista onde têm assento perpétuo Videla, Pinochet, Mao, Assad, Kadaffi e outras pérolas, é atitude de extrema compassividade ideológica...

            É ONDE EU TE FALO....
       
      

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