Conheci a
Dra. Betidêivis da Silva ao tempo em que
– como já relatei no meu
blog éondeeutefalo – servi
na Legião Estrangeira como corneteiro do Forte Mon Trésor sob o comando do Capitão Valery
Giscard D’Estaing. Quando o forte foi sitiado por tuaregues furiosos, Monsieur Le Capitain se evadiu disfarçado de camelo e
foi ser presidente da França. Como a guarnição se compunha do comandante e do
corneteiro, fui o último a abandonar Mon
Trésor antes da sua derrocada, sob o conveniente disfarce de monte de areia.
Dali fui
ter ao Hedjaz, onde zanzei por dois anos como adivinho e ledor de sortes, no
que granjeei relativa fama como sabedor das artes divinatórias. Um dia fui chamado
a ler a mão de uma houri loura e
gorda acampada na orla do Nefud. Tratava-se da Dra. Betidêivis, astrônoma e cientista
quântica da NASA. Com aparelhos complicadíssimos e cartas celestes
indecifráveis, ela pesquisava o paradeiro do que ela chamou de “galáxia
perdida”. O Nefud é, segundo me disse, um ponto de rara concentração de forças
intergaláticas, donde a sua presença ali.
Para
resumir, li a sorte da doutora e lhe vaticinei um carreiro de formosas
descobertas. Ficamos amigos e fomos nos reencontrar anos depois numa galeria de
arte em Bruges. Perguntei-lhe pela galáxia perdida. - Estou quase descobrindo o
seu rumo; mas onde fica, exatamente, acho que isso só se saberá daqui a uns dez
mil anos, ela disse. Fiquei perplexo. Como? Que coisa doida era aquela?
Betidêivis me explicou: a distância dessa galáxia relativamente à nossa é tão
grande, tão incalculável, que se pode avaliar um milionésimo dela em novecentos zilhões e oitocentos setilhões
de anos-luz. A raça humana não o tem capacidade de conceber tão extraordinário
espaço; nossos conceitos são ainda rudimentares para tanto...
Bom, o
tempo passou. Faz dias, recebi, através de portador, uma carta em que a Dra.
Betidêivis da Silva me revelou sua grande descoberta; ou melhor, descobertas:
onde fica, ainda é um mistério insondável, mas ela pode afirmar, com forte base
científica, que a galáxia perdida é justamente, como ela achava mas guardara
para si, a famosa Shi-Kan-A, relatada em manuscrito de 15.000 AC, encontrado
nas cercanias da hoje Port Said. Betdêivis chegou a situar um planeta mais ou
menos habitável dessa galáxia, que ela teve a honra de batizar: chamou-o
Planeta Fudsky.
As maiores
surpresas estavam por vir. Em Fudsky existe o que, com certa boa vontade, se
poderia dizer vida inteligente. Além disso
– prodígio dos prodígios! – um
ser daquele planeta está no... Brasil !!! Embora a séria desconfiança de
que possa haver outros, este exemplar é perfeitamente identificável. É um tipo
de androide macilento, tem jeito de encantador de serpente, usa capa preta, tem olhinhos de calango e um sorriso de gelar o sangue. Um tipo tão raro, e
valioso, quanto (palavras dela) uma nota de 111 dólares. E mais não disse a
grande cientista. Estou à cata do homem de Fudsky. A Dra Betidêivis o
classificou como da família dos levandróidysk,
autóctone do dito planeta. Quem souber, divulgue.
É onde eu te
falo...
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