Vender Alvarás de Salvação Eterna foi uma das
atividades mais rentáveis a que se dedicou São Pedro. Esse raro produto não vinha
com Certificasdo ISO, inexistente á época,
mas era garantido: o comprador, ainda que praticasse os pecados mais cabeludos,
estava para sempre livre das penas infernais. Dada a sua extraordinária valia, esses alvarás
não eram baratos, razão pela qual nunca estavam ao alcance das bolsas medianas – para
as quais o Vaticano oferecia produtos mais em conta, como as bulas que, claro,
só garantiam até o nível de pecados de menor severidade, como rapto consentido,
pequena agiotagem, masturbação, falsificações ligeiras e equiparados.
Ora, desde
sempre, quem enrica e fica à toa acaba “copiando moda”, expressão hoje em desuso,
mas cujo sentido é imemorial: entregar-se a banalidades ou frivolidades, às
vezes de consequências nefastas. Com Roma se deu isso. Era na Idade Média e seus
teólogos, ricos, desocupados, gordos de carne satisfeita, já não tinham o que
inventar e conceberam dois capetas novos:
Íncubo e Súcubo – pilantras
noturnos que hoje se classificariam como “do cu riscado”. Andavam em dupla:
Súcubo era o sacaneta passivo que se encarnava nos padres que perdiam o sono
por conta dos seus delírios sexuais; Íncubo, o perverso, sodomizava esses padres
insones.
Na sua confortável duma imperial, em
meio à taiga verdejante, o Camarada Leonid Brejnev se esparramava como um
javali obeso na poltrona e devorava pepinos entre vastos goles de Stolichnaya. De
permeio, bolinava o belo traseiro ucraniano da jovem que lhe cortava as
touceiras javalísticas das sobrancelhas enfezadas com um aparador comprado aos imperialistas
decadentes. Mas sua atenção estava no telefone: Brejnev determinara ao seu
mamulengo de Bonn que enviasse cinco milhões de dólares (rublos não valiam
nada) a São Paulo-Brasil, a crédito da falange católica que professava com vigoroso
entusiasmo o credo marxista-leninista.
Muito bem, era
1970. O dinheiro foi remetido. Com ele a tal falange fundaria, na Conferência a
ser realizada numa republiqueta latino-americana, um partido político. Esse
partido entronizaria como seus gurus dois guerrilheiros, então chamados de “operários
revolucionários”: Jesus e Guevara, segundo os conferencistas, irmãos de sangue e doutrina. Eis
como esse partido foi arrumado graças à grana da Alemanha Oriental. A
conferência começou, e como a pauta se resumia à tomada do poder no Cone Sul,
os conferencistas das outras republiquetas estavam indóceis a ponto de
saltitar. Tanta indocilidade e quebra de mão desaguaram em invencíveis (consta
que enfoguetados) pruridos anais, que... tchan-tchan-tchan-tchan... trouxeram à
Conferência ninguém menos que a dupla canalha: Íncubo e Súcubo! Chegaram num pé
de vento e... Bem, imaginam-se os acontecimentos. Certo é que no mesmo dia era
parido (por via nada convencional) o partido que tirou a calma de Paulo VI;
este antevira os rumos que a coorte vermelha tomaria, inda mais sabendo que a dupla
de patifes esteva lá.
Não deu outra. Pouco tempo depois, o tal partido tomava
o freio nos dentes e mandava à m... os conferencistas, seus genitores, fazendo
apologia de coisas que, mesmo para esses religiosos desviados, eram
inaceitáveis. Mas era tarde. Com o tempo sua cria, o partido, se dedicou à
rapinagem, ao roubo escancarado, à corrupção mais torpe e até a assassinatos – no Estado de São Paulo. Agora esse braço de
Roma, esse ramo marxista-leninista, se escafedeu. Finge-se de passarinho na
muda e – tirante um tresmalhado padreco ou outro – finge
que não tem nada com isso.
Pois
é. Benedictus XVI tinha todos os motivos para renunciar e Francisco I para
sonegar o Dossiê Gay. Íncubo e Súcubo ainda estão ativos nos desvãos de São
Pedro.
É onde eu te
falo...
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