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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

ÍNCUBO, SÚCUBO E POLÍTICA



Vender Alvarás de Salvação Eterna foi uma das atividades mais rentáveis a que se dedicou São Pedro. Esse raro produto não vinha com Certificasdo  ISO, inexistente á época, mas era garantido: o comprador, ainda que praticasse os pecados mais cabeludos, estava para sempre livre das penas infernais.  Dada a sua extraordinária valia, esses alvarás não eram baratos, razão pela qual nunca estavam ao alcance das bolsas medianas   para as quais o Vaticano oferecia produtos mais em conta, como as bulas que, claro, só garantiam até o nível de pecados de menor severidade, como rapto consentido, pequena agiotagem, masturbação, falsificações ligeiras e equiparados.
Ora, desde sempre, quem enrica e fica à toa acaba “copiando moda”, expressão hoje em desuso, mas cujo sentido é imemorial: entregar-se a banalidades ou frivolidades, às vezes de consequências nefastas. Com Roma se deu isso. Era na Idade Média e seus teólogos, ricos, desocupados, gordos de carne satisfeita, já não tinham o que inventar e conceberam dois capetas novos: Íncubo e Súcubo    pilantras noturnos que hoje se classificariam como “do cu riscado”. Andavam em dupla: Súcubo era o sacaneta passivo que se encarnava nos padres que perdiam o sono por conta dos seus delírios sexuais; Íncubo, o perverso, sodomizava esses padres insones.                       




       Na sua confortável duma imperial, em meio à taiga verdejante, o Camarada Leonid Brejnev se esparramava como um javali obeso na poltrona e devorava pepinos entre vastos goles de Stolichnaya. De permeio, bolinava o belo traseiro ucraniano da jovem que lhe cortava as touceiras javalísticas das sobrancelhas enfezadas com um aparador comprado aos imperialistas decadentes. Mas sua atenção estava no telefone: Brejnev determinara ao seu mamulengo de Bonn que enviasse cinco milhões de dólares (rublos não valiam nada) a São Paulo-Brasil, a crédito da falange católica que professava com vigoroso entusiasmo o credo marxista-leninista.
Muito bem, era 1970. O dinheiro foi remetido. Com ele a tal falange fundaria, na Conferência a ser realizada numa republiqueta latino-americana, um partido político. Esse partido entronizaria como seus gurus dois guerrilheiros, então chamados de “operários revolucionários”: Jesus e Guevara, segundo os  conferencistas, irmãos de sangue e doutrina. Eis como esse partido foi arrumado graças à grana da Alemanha Oriental. A conferência começou, e como a pauta se resumia à tomada do poder no Cone Sul, os conferencistas das outras republiquetas estavam indóceis a ponto de saltitar. Tanta indocilidade e quebra de mão desaguaram em invencíveis (consta que enfoguetados) pruridos anais, que... tchan-tchan-tchan-tchan... trouxeram à Conferência ninguém menos que a dupla canalha: Íncubo e Súcubo! Chegaram num pé de vento e... Bem, imaginam-se os acontecimentos. Certo é que no mesmo dia era parido (por via nada convencional) o partido que tirou a calma de Paulo VI; este antevira os rumos que a coorte vermelha tomaria, inda mais sabendo que a dupla de patifes esteva lá.
                Não deu outra. Pouco tempo depois, o tal partido tomava o freio nos dentes e mandava à m... os conferencistas, seus genitores, fazendo apologia de coisas que, mesmo para esses religiosos desviados, eram inaceitáveis. Mas era tarde. Com o tempo sua cria, o partido, se dedicou à rapinagem, ao roubo escancarado, à corrupção mais torpe e até a assassinatos  – no Estado de São Paulo. Agora esse braço de Roma, esse ramo marxista-leninista, se escafedeu. Finge-se de passarinho na muda e   tirante um tresmalhado padreco ou outro   finge que não tem nada com isso.        
                Pois é. Benedictus XVI tinha todos os motivos para renunciar e Francisco I para sonegar o Dossiê Gay. Íncubo e Súcubo ainda estão ativos nos desvãos de São Pedro.
    É onde eu te falo...      
                              

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