Baltasar, o
caldeu que reinava na Babilônia, era um rei dividido em partes: 1/3 chulé, 1/3
corrupção e 1/3 gazes intestinais. Um sujeito assim, desagradaria a qualquer
divindade. Daí, para punir o tralha, o deus da região escreveu na sala de
banquetes do rei caldeu a seguinte mensagem: “ Manes Tecel Phares”.
Foi um
pandemônio. Ninguém conseguia traduzir e, mais grave, interpretar o recado
divinal. Até que alguém se lembrou de Daniel, que além de ser profeta e falar com os bichos, era fluente em mil idiomas e
sete mil dialetos. O profeta chegou, cumprimentou o rei com um aceno de cabeça
e leu a mensagem. Então fitou Baltazar e disse, em caldeu: “Falam
os deuses nos cantos do piaga! Sou bravo, sou forte; sou filho do Norte! Meu
canto de morte, guerreiros, ouvi!” (*). Como ninguém entendesse, Daniel foi
explícito:
-
Majestade, estais no brejo!
- Hân? Como
assim, ô cu-d’água?
- Vou ser
claro. O recado diz: Pesado Medido Dividido. Agora com licença que
eu...
- Volte
aqui, postema! Que merda é essa? O que você diz não faz sentido!
- Pois
devia, Majestade. Tudo foi pesado, foi medido; e o reino... dividido.
- Puta
Merda! Para com os rodeios! isso, ô meu,
quer dizer exatamente o quê?
- Não quer
dizer; diz, mesmo. Pesar e medir são meios de avaliar. Foram pesadas as vossas
falcatruas e conferidos os vossos trambiques, ó rei. E dividir é retalhar, né?
De
madrugada Baltazar morreu e dias depois Ciro, o persa, tomou Babilônia, veio o
tal , e confuso, império medo-persa, e... bom o tempo passou.
Pois fiquei
sabendo de uma coisa danada de esquisita. Dilmão oferece um jantar ao Homem da
Fifa. A festa vai bem, quando aparecem na parede umas garatujas mal arrumadas:
Mane Deçe Farol. Que diabo é isso? Puxa daqui, busca dali, batem cabeça...
Nada. Ninguém entende aquele trem. Horas depois chega-se a um consenso: chamem
o Fernando Henrique! Ele fala muitos idiomas e, quem sabe, traduz essa coisa?
Meia
hora depois ele está na sala de banquetes do Alvorada, dando uma enorme
gargalhada.
O que foi, o que não foi...
Para resumir, eis o diálogo:
-
Presidente eu...
- Sou
presidenta, entendeu? Pre-si-den-TA!
- Como quiser. Mas acho que
tenho a tradução dessa mer... Oh!!! Queira desculpar! Vamos ao ponto. Pelo
talhe e disposição do que seriam letras, o escritor é, por um lado, meio analfabeto;
por outro, é um inteiro, analfabeto
funcional.
- Hân?
- Bom, Vossa Excelência está
no sal...
- Hein? Que
no sal? Quê-isso?
- Para mim
é um recado direto: Vossa Excelência foi pesada, medida e o seu reino dividido...
- Que? Como
você sabe? Que raio de língua é essa?
- É difícil
admitir mas, por incrível que pareça, a mensagem está no vernáculo.
- Onde?
- Seria
Português, Madame, só que rudimentar. Em suma, diz: ô mané, desce (abaixa) o farol (facho) – ou
seja, abaixa o facho, dona!
- Ora, que
conselho mais...
- Não é
conselho, Excelência; é ordem.
- Mas,
gente, eu não entend...
-
Excelência vou ser direto. Seu governo foi pesado, medido e ... vai acabar em
seis meses... eu calculo. Quando Vossa Excelência veio com essa de presidentA,
eu percebi que era um ato falho. Vossa Excelência sempre se teve a si mesma
como “governanta”, não governante: o governante mesmo, era o... o... o outro,
entendeu? Vossa Excelência sempre foi a governanta, não a patroa... Boa noite,
madame.
- É coisa
dele, né?
- Entenda
como quiser, Madame. Mas sua reeleição, pelo recado na parede... sei não...
É onde eu
te falo...
(*)
Este cântico de Daniel foi, muitos séculos mais tarde, usado por Gonçalves
Dias.
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