A bola da
vez é a proposta da emenda constitucional digerida pela vertente política
que pretende submeter ao Congresso as decisões do Poder Judiciário. Não, não é erro de digitação: a
proposta em questão não é “dirigida” pela vertente política, mas digerida,
mesmo. Atentado dessa magnitude contra a ordem constitucional e, por
conseguinte, contra a democracia, se produz nos intestinos,
não na cabeça. E, obviamente, sai pelo... canal competente.
Depois do
julgamento do Mensalão essa vertente compreendeu que o Judiciário está decidido
a mandar para a cadeia os meliantes que vestem Dolce Gabana e acumulam milhões
sobre milhões em cada exercício. Assim, e como ainda tem calhorda cujos crimes
ainda não foram descobertos, ou investigados a fundo, eles querem se resguardar
desde já. Vai que a coisa chegue ao Supremo Tribunal e este, muito ufano da sua
versão “pega-pra-capá”, os condene... É melhor se precatar: não pudemos
salvar os mensaleiros – apesar do esforço de aliados e advogados – mas
nós não seremos enredados na malha justiceira do Supremo.
Figure-se: a) a emenda dos falangistas foi promulgada; b)
o Supremo Tribunal ainda não está “domesticado”. Então a Corte profere decisão
condenatória contra membro da falange. Mas essa decisão, por mandamento constitucional,
precisa de ser avaliada e referendada pelo Congresso. Pronto! “Juristas” da
falange estufam o peito, impostam a voz e proclamam: a sentença do Supremo
Tribunal não será comprida. A emenda acabará como letra morta quando a falange
tiver maioria absoluta no Supremo, ou seja, quando as onze togas serão vestidas
por onze falangistas, todos amestrados, é claro. Aí não será preciso aplicar as
disposições da emenda, porque gente da falange, é claríssimo, jamais será condenada.
Mas até lá... Eu, hein, Rosa? Seguro morreu de velho.
Não se imagine
que isso é pura ficção. Na Venezuela, um Judiciário bem amestrado, adiou por tempo indeterminado a
posse de Hugo Chavez enquanto ele estertorava em Cuba. Ou seja, passou por cima
da lei e, para dar tempo ao tempo, se fingiu de morta enquanto um interino
geria a República. Quando as manobras chavistas estavam prontas, aí sim, se
anunciou que o Chavez embalsamado cheirava a defunto antigo. Depois veio a farsa da recontagem de votos que,
como comentei no meu último texto, não passa de um engodo grosseiro. Na
Bolívia, onde a Constituição não permite duas reeleições, o Judiciário
amestrado decidiu que Morales pode, sim, ser presidente três, quatro, quantas
vezes quiser; o argumento é uma pérola: Morales “refundou a República
Boliviana” (!!!) e por isso a vedação constitucional não o alcança. A
despirocada Viúva Kirchner está cuidando de amestrar o Judiciário Argentino. E
por aí vai. É, gente, a Operação Abutre está em execução; a pleno vapor.
É onde eu
te falo...
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