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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

RAJWAHPAPUH, FAQUIR DE FORMOSAS FALAS...





Hoje tomei café com um amigo, Rajwahpapu - entomologista por formação e faquir por gosto. Conheci-o na Manchúria, faz anos, quando lá fui estudar a arte de fazer iogurte com leite de camela. Meu amigo nasceu em Udhampur, na Caxemirra, mas como tem nojo das cizânias políticas entre índia, Paquistão e China, que disputam a propriedade da sua terra, fincou pouso numa fraga perdida do Passo Khyber, de onde viaja pelo mundo; segundo ele, para avaliar a inquietante exacerbação das enfermidades mentais que contaminam os governos do Planeta.
Pois Rajwapah, que fala 333 línguas e dialetos, está hoje, só hoje, em Belo Horizonte; ele a sua confortável cama de pregos. Viaja amanhã, pela KLM,  para Glasgow, rumo ao Eire, onde vai assuntar os sinais de fermentação do IRA, depois do que segue para o País Basco, a  convite da Universidade de Bilbao, onde dará palestra sobre os ares empesteados que vêm dominando alguns países sul-americanos. Grande sujeito, o faquir.
É dele o Catálo de Governantes em Geral, cujos originais estão na biblioteca particular do Dalai Lama. Segundo Rajwahpapu é incalculável o número dos “bound-ahm-moll’e” – expressão dele, mistura de hindustani, pashto, swahili e persa antigo, traduzível por governante sonolento, governo aguado, administrador desidioso ; ou como se diz no Deserto do Nefud, em termos um pouqinho mais  rudes, "bound-ah-d'áhguah", governante que sofreu lobotomia. Esse naipe de governante, diz o faquir, domina na rara proporção de  98,79%  do mundo. Papagaio! – pensei. Inda bem que o Brasil figura entre os 1,21% que gozam da eficácia governamental...
Fui desenganado. O próprio faquir me apontou o que seria singela marca desse modo de governar, aqui mesmo, em Belo Horizonte. - Ô quê? Tem certeza, Rajwahpapu?  - Ele tinha. E me provou. Foi assim:
- Sabe aquele túnel de retorno que vocês têm aqui, aquele que passa debaixo da rodovia BR-040, ali pela altura do Shopping Ponteio?
- Pois sei.
- Então. Por conta dos poucos méritos dos engenheiros que o fizeram, a obra foi tocada sem observância dos mais elementares preceitos da Geologia e sem a devida avaliação topográfica.  Sabia disso?
- Não.
- No entanto foi assim. Vieram as chuvas de verão - fenômeno elementarmente previsível, mas não levado em conta - aquela coisa (quero dizer, o túnel) foi entupida por desaterramentos, pedras, galhas, bichos e mais coisas que vieram no roldão da enxurrada, né?
- É.
- Pois fiquei sabendo pelo Daily Mirror (eu estava em Londres), que isso aconteceu em Dezembro de 2.011... Ou seja, daqui a dias fará um ano! Um ano!!!
- É...
Foi quando Rajwahpapu mostrou que conhece perfeitamente o quadro da política mundial. Ele me contou, com relação ao nosso túnel, que os Governos Municipal, Estadual e Federal se limitam a empurrar com a barriga: espicham o bico, espiam, fazem cara de sonsos, e se põem de desentendidos - um jogando a batata quente para o outro, tipo “isso não é comigo”...
- Sério, faquir?
- Claro que é. E nesse não é comigo, não é comigo, o tempo passa e o povo não pode usar o túnel. Para o retorno, é preciso rodar estrada acima até o viaduto do BH Shopping...
- Coisa, hein, faquir?
- Para usar expressão mineira, procê vê..  (O danado do faquir fala mineirês).

É onde eu te falo...

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