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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Va, pensiero...

Livre-pensador, sim, e com hífen, porque desprezo o Acordo Ortográfico vigente; assim me qualifico no portal deste blog.

Nem todas as pessoas sabem quanto é saudável o livre-pensar. A liberdade de pensamento funciona como o ácido fênico: tira o mofo (no caso, o mofo mental). Além disso, o livre-pensar é como a cera automotiva: cria uma camada protetora em torno do cérebro e impede a aderência de eventual e insistente mofo que nele pretenda ser instalar.

O efeito de tudo isso é ótimo: o cérebro fica liberto de dogmas e ideologias, tão perigosos quanto esses trens viciantes que muito neguinho por aí vive cheirando, picando, enfiando... os cambau. Mas há uma diferença, nem tão sutil: os “trens” imbecilizam antes de matar; os mofos não matam e entorpecem o juízo crítico. 

Agora, um detalhe: muitos acham que o livre-pensador é um cético, no que se enganam. Aliás, o pensamento não atrelado capacita o indivíduo a ser mais crente do que possam ser dogmatistas e ideólogos – os quais não podem, simplesmente não podem, ir além dos apertados (e rígidos) limites dos seus dogmas e das suas ideologias. Aliás, há muitos anos, Millor Fernandes escreveu em "O Cruzeiro": "Livre-pensar é só pensar livre".

Dogmas e as ideologias... Foram eles quem fizeram do Planeta essa m... enorme e fedorenta (se é que existe m... cheirosa).
        

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ego e Mosca Azul: êta, duplinha "dos inferno" !

Hoje vi em torno da fruteira um bando de mosquitinhos inquietos - as “moscas da fruta”, que endoidam na presença da frutose. Depois, no jornal, dei com moscas azuis. - É... Hoje é dia das dípteras!”, bichos de duas asas. Quem não conhece a mosca azul? Não há. E bem poucos não leram “A Mosca Azul”, aquela que “zumbia e voava e voava e zumbia com suas asas de ouro e granada”.

Embora assim tão linda no cantar de Machado de Assis, quero crer que esse inseto reluzente é uma varejeira; que, virou emblema da vaidade. - Fulano foi picado pela mosca azul! – sempre se ouve. Na verdade, acho que esse tipo de mosca não pica; mas tem o dom de inchar o tal de “ego com fome” - esse trem do qual psiquiatras e psicólogos falam tanto, mas não conseguem traduzir para os leigos em termos inteligíveis.  

Ego e mosca azul. Dupla terrível, essa. Ao que percebo, voam em parelha. Onde está um, está a outra. Essa duplinha assola jornais e revistas, que são o seu habitat (aqui se diz áb-tat, não abitá, como falam por aí). Pois é. O sujeito tem um espaço no jornal, zás! - faz um colar de moscas azuis e o coloca ao pescoço. Sem formação científica na matéria, desconfio - apenas desconfio - que esse colar gera patologias de vastas implicações. 

O cidadão fala sobre casaco de frio: "quando passei o inverno em Nova Iorque..." Discorre sobre vinho: "percorrendo os vinhedos de Bordeaux, encontrei..." Se quer enriquecer o texto com alguma arte notável:  "quase desmaiei ao entrar na Capela Sistina;  meu coração disparou ante a portentosa visão do Pátio dos Leões, na Alhambra..." Para falar de macarrão: "foi na Toscana que comi a melhor massa..."

E assim, casacos, vinhos, arte antiga, macarrões, velhas ruínas, o que for, tudo é somente “escada” para o púlpito dourado em que o comentador acha que está, e de onde dá o seu recadinho maroto e subreptício: "- Tá vendo, ô cara pálida? Eu sou muito viajado, viu?"  Trem de doido, sô!

É onde eu te falo...